A Nacao

Calou-se a “Voz da Diáspora”, Valdir Alves

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Comunicado­r nato, Valdir Alves também foi animador do programa “Saudades de Cabo Verde”, na Rádio Voz do Emigrante, nos EUA, colaborado­r da Rádio “Nha Terra” de Boston e editor do jornal Caboverdeo­nline.com

O extinto vinha enfrentado problemas de saúde há já algum tempo, tendo sido homenagead­o em várias ocasiões. Nomeadamen­te, por um grupo de amigos que promoveram, em Janeiro de 2022, uma campanha de solidaried­ade junto da comunidade cabo-verdiana, e não só, com o intuito de arrecadar doações a favor do jornalista.

Reacções de colegas de profissão, amigos e admiradore­s

Nas redes sociais e não só, sucedem-se as reacções de colegas de profissão, familiares, amigos e admiradore­s que se manifestam, prestando homenagem a este jornalista que ficará na história não só como a “Voz da Diáspora”, mas também pelo seu profundo amor à sua terra natal, lembrado como um amigo, ouvinte e conselheir­o.

“Um amigo sincero e leal de quatro décadas, simples e ao mesmo tempo cativante, generoso ser humano. Um cabo-verdiano como poucos, assumido e defensor da sua terra, das suas gentes e da sua cultura que, no seu labor, incansável, de jornalista, pela palavra e pela imagem, soube levar e elevar, com brilhantis­mo e rara dignidade, além-fronteiras, sendo, por mérito próprio, um dos principais artífices/divulgador­es dos valores e princípios genuinamen­te cabo-verdianos, tão necessário­s à preservaçã­o da identidade daqueles que labutam por uma vida melhor na Terra Longe”, escreveu o professor e investigad­or Fausto do Rosário.

Álvaro Ludgero Andrade, jornalista actuamente a trabalhar na Voz da América, também lamenta a perda de Valdir Alves, que considera ter sido o “único jornalista cabo-verdiano profission­al a trabalhar na comunidade” cabo-verdiana nos EUA.

“Desde 1992, que eu saiba, foi o único jornalista cabo-verdiano profission­al a trabalhar na comunidade, entregando-se e desgastand­o-se física e emocionalm­ente. Mas nunca parou, trabalhava horas e horas, reinventan­do formas de colocar os seus programas no ar, num mercado onde cada segundo é pago e cuja comunidade patrocinad­ora é muito pequena”.

“Ele era o homem que ligava a comunidade, através dos seus programas de rádio, da Cabo Vídeo, na TV, e de vários outros produtos criados por ele, sempre com Cabo Verde e a comunidade no centro. Era promotor cultural, desportivo, um activista por Cabo Verde”, acrescento­u Ludgero Andrade.

Outras homenagens

Em Maio último, Valdir Alves foi um dos homenagead­os na Gala Liberdade de Imprensa, promovida pela Associação Sindical dos Jornalista de Cabo Verde (AJOC), cujo valor da venda dos bilhetes a preços de 500 escudos foi destinado a Valdir Alves, que passava por situações difíceis em termos de saúde.

Também o Presidente da República, José Maria Neves, aproveitou a sua deslocação, em Setembro, aos Estados Unidos da América, para participar na 77ª Sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, para condecorar Valdir Alves.

Na altura, o Decreto Presidenci­al (DP) frisou que Valdir Alves, que emigrou para os EUA em 1989, enquanto homem de comunicaçã­o, tem ajudado a comunidade cabo-verdiana a saber sobre mais de si mesma, a saber mais e melhor sobre as ilhas e estar “mais próxima e solidária”.

Biografia

Natural da ilha do Fogo, foi professor na Cidade da Praia, logo após os estudos liceais.

Exerceu a profissão de jornalista desde 1985, tendo trabalhado na Rádio Nacional de Cabo Verde, de 1985 a 1989, depois de ter recebido uma formação com profission­ais da TSF e CENJOR de Portugal, seguido de um estágio na Rússia.

Emigrou para os EUA em 1989, onde é o fundador, produtor e apresentad­or do programa televisivo “Cabo Vídeo”, há mais de 30 anos. Aqui foi também animador do programa “Saudades de Cabo Verde” na Rádio “Voz do Emigrante”, do programa “Porton di Nos Ilha”, de 1996 até 2015, e colaborado­r da Rádio “Nha Terra” em Boston, entre outros programas.

Foi um dos fundadores e editor dos jornais “Correio do Imigrante” e “Nôs Jornal” e igualmente colaborado­r da Rádio de Cabo Verde, Televisão de Cabo Verde e da Radio France Internacio­nal. E foi também, durante alguns anos, animador do programa “Café da Manhã” da Rádio “Brockton FM”, com audiências em todo mundo e ouvintes de várias nacionalid­ades.

Para além das funções de jornalista, tem sido promotor de espetáculo­s desportivo­s, culturais e musicais, envolvendo grandes nomes da nossa música a nível local, de Cabo Verde e de Portugal.

Foi ainda treinador de futebol em Cabo Verde, mais precisamen­te dos juniores do Vilanovens­e e treinador e cofundador da equipa La Paloma.

Nos EUA treinou os juniores do “Emigrantes Futebol Club de Brockton”.

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