Kika Freyre – Psicóloga e professora universitária
1. “As cinco feridas emocionais” de Lise Bourbeau (Sextante, 2017);
Este livro é um convite maravilhoso ao autoconhecimento através da identificação com os relatos da autora. Traz as marcas que a vida desenha em nós com os seus contornos individuais e as máscaras que utilizamos, muitas vezes sem dar-nos conta, para disfarçar o quanto estas marcas nos machucaram. Traz um olhar muito interessante sobre o perdão, propondo a liberdade sobre ele, mostrando-nos o caminho de compreender e que perdoar já é um outro serviço. Recomendo demais!
2. Noite escravocrata, madrugada camponesa-Cabo Verde Séc. XV – XVIII” de António Correia e Silva ( Rosa de Porcelana, 2022);
Esta leitura veio de uma busca identitária, social, emocional do meu encontro com Cabo Verde. É uma leitura cativante, inquietante ao trazer dados tão antigos e tão actuais. As tantas faces da violência assustadoramente tão repetidas e a clarificação de que a escravidão em si não foi a maior delas, mas o abandono, a frouxidão dos laços de família, as raízes dos desajustes tão contemporâneos já lá estavam nos antepassados todos. É uma leitura viva, pulsante, intrigante. Traz a força da mulher de uma forma tão honesta na história, sem deslumbramento. Dá orgulho! Todo cabo-verdiano deveria ler este livro em algum momento da sua vida.
3. “Você aguenta ser feliz?” de Arthur Guerra e Nizan Guanaes (Sextante, 2022);
Este é um diálogo de pensamentos e palavras, perspectivas e indagações entre o Psiquiatra Arthur e seu Cliente Nizan. Uma leitura que sacode a gente, que traz para o nosso estilo de vida grande responsabilidade para com a nossa saúde e o processo de adoecer. É aquele livro que a cada capítulo a gente pensa: esse foi escrito para mim, tamanha inevitabilidade das identificações. Não é um livro sobre doença, é sobre saúde, caminhada, vida, maratona. No meio da nossa vida corrida, é um convite a correr de sapatilhas, ao nosso favor, com o olhar questionado sobre se aguentamos ser felizes.