Nhonhô Hopffer, eterno “sobrevivente”
Oexímio arquiteto e homem da cultura cabo-verdiana, Nhonhô Hopffer, morreu às 22h de sábado, 31 de Dezembro, na sua residência na Cidade da Praia. As cerimónias fúnebres tiveram lugar no primeiro de Janeiro, com sepultura no cemitério de Nhagar, Assomada, concelho de Santa Catarina, sua terra natal.
De forma aberta e sem tabus, Nhonhô foi um dos poucos homens que assumiu “com bravura” e “sem vergonha” a sua condição de doente oncológico, buscando, muitas vezes, forças nas redes sociais, retribuídas com muito calor humano do seu “público”, amigos no Facebook.
Travava a batalha contra a doença entre Cabo Verde e os Estados Unidos da América, mas, por fim das contas, conseguiu que o seu último suspiro fosse na sua terra, junto dos familiares.
Um homem de causas
Nhonhô era conhecido como um homem de causas, que assumia frontalmente as suas posições em vários domínios, mas especialmente no campo da cultura e da arquitetura, suas áreas de actuação. Não compreendia a não oficialização do crioulo, como não compreendia nem aceitava o caos urbanístico da cidade da Praia e outros centros urbanos do país, como chegou a acusar, por culpa dos políticos, sobretudo dos autarcas que apenas pensam no dinheiro da venda de terrenos municipais.
Sendo um “amigo de todos” e um homem muito presente nas redes sociais, entre as mensagens de boas festas e feliz ano novo, na manhã de 01 de Janeiro, também chegaram as mensagens de pesar e lamento, de amigos, conhecidos e familiares.
Entre eles, o Presidente da República, José Maria Neves, que o recorda como “uma voz ativa do inconformismo e da esperança dos cabo-verdianos num mundo e numa vida melhor para todos”.
“Da oficialização do crioulo, à defesa da morna enquanto património cultural da humanidade, o combate pela moralização da política e dignidade do povo das ilhas, a defesa do património arquitetónico nacional, Nhonhô era, sobretudo, um homem de causas”, escreveu JMN.
Um homem da cultura
Nhonhô Hopffer, nascido a 18 de Maio de 1956, em Santa Catarina, começou a vida musical por volta dos 15 anos, na cidade da Praia. Aqui, prosseguiu os estudos secundários no Liceu Domingos Ramos, cantando em noites musicais, tocatinas, sere