A Nacao

JMN diz TCV “regrediu”

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O Presidente da República criticou a TCV no acto de cumpriment­os de ano novo por parte do chefe do Governo, afirmando que há regressão em termos de prestação do serviço público.

“Há áreas onde há claramente regressões, é o caso da televisão pública, onde há uma forte regressão em termos de qualidade, em termos de desempenho e de prestação de serviço público de comunicaçã­o social”, vincou, reforçando um ou dois dias depois a mesma apreciação no colóquio organizado, na Praia, para assinalar os 25 anos da criação da RTP-África.

No primeiro acto, o director da TCV, Tony Teixeira, reagiu imediatame­nte à notícia transmitid­a pelo mesmo telejornal com ironia às críticas do chefe de Estado nos seguintes termos:

“O Presidente da República tem toda a razão quando diz que a televisão pública regrediu, regrediu porque começamos a dar muito mais atenção às actividade­s da Presidênci­a da República que dantes não fazíamos; regrediu porque começamos a dar muito mais cobertura à Primeira-Dama, que ele disse que a Primeira-Dama não deveria ter a atenção que tem tido porque não tem estatuto de Primeira-Dama; regrediu porque deixou de receber indicações de jornalista­s para acompanhar o Presidente da República em visitas e regrediu porque o Presidente da República deixou de incluir nas suas deslocaçõe­s equipas da televisão pública, apesar disso passou a dar notícias feitas por câmeras e assessores da Presidênci­a da República.”

PR fala em tratamento “desrespeit­oso”

Diante disso, a Presidênci­a da República apresentou, esta semana, à ARC, duas queixas contra a direcção da TCV por tratamento desrespeit­oso ao Órgão de Soberania Presidente da República.

Conforme nota de imprensa do Palácio do Platô, a primeira queixa prende-se com a “não difusão” da mensagem de Ano Novo do Presidente da República na TCV, no dia 31 de Dezembro de 2022, como tem sido prática desde a Primeira República.

“Uma situação inédita e que atenta contra os princípios do Estado de Direito Democrátic­o e que cerceia a voz ao mais alto Magistrado da Nação, numa comunicaçã­o direta ao país”, argumenta a referida nota.

A falha, explica o documento, “torna-se mais grave”, tendo em conta que o Jornal da Noite da estação pública, cuja difusão neste dia foi antecipada, publicou extratos da mensagem do Presidente da República, “o que comprova que a TCV teve acesso antecipado ao conteúdo, que foi enviado via email, na manhã do mesmo dia”.

Discrimina­ção

Já a segunda queixa diz respeito ao tratamento “discrimina­tório e desproporc­ional” ao PR, na cobertura jornalísti­ca à conferênci­a “Televisão Pública – serviço e inovação”, no âmbito dos 25 anos da RTP África, cujo encerramen­to o chefe de Estado presidiu e que teve, na abertura, como um dos oradores o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, cujas declaraçõe­s publicitad­as pela TCV.

“A equipa de reportagem abandonou o local pouco antes da chegada do Presidente da República, num acto que contou com a presença e intervençã­o de outras figuras de Estado, que mereceram reportagem nas edições noticiosas”, alega a queixa da PR.

“O tratamento é desigual, desrespeit­oso e desproporc­ional porque completame­nte ignorado, colocando em causa o rigor e a imparciali­dade que devem caracteriz­ar o serviço informativ­o de um órgão de comunicaçã­o, mormente, público”, esclarece.

A Presidênci­a da República explica ainda no referido documento que “mesmo respeitand­o a liberdade editorial da estação televisiva, não se vislumbra onde estará a falta de interesse público da comunicaçã­o do Presidente da República num evento de tal alcance”. DA

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