Trakinuz, como nunca antes visto
Carrega orgulhosamente as suas raízes, trazidas lá dos Picos, concelho de São Salvador do Mundo, mantém-se fiel a si mesmo, mas abre asas para o Mundo, ao explorar novas sonoridades, para lá do Rap, seu estilo habitual. Trakinuz aparece agora numa versão nunca antes vista, neste novo álbum intitulado “Rapacinhu di Fora”, que tem conquistado milhões de visualizações no Youtube.
Tem 29 anos, é “Rapacinhu di Fora” que chegou à cidade atrás dos seus sonhos, como muitos cabo-verdianos. Levou suas rimas às ilhas e a vários países, mas sente que é hora de explorar novos mercados e, sobretudo, conquistar novos públicos.
“Eu tento sempre fugir do estático. Tenho estado a buscar outras sonoridades, com a ideia também de atingir outros mercados, porque acredito que aquilo que é de Cabo Verde, de certa forma, já acabei por atingir. Isto está dentro do processo de desenvolvimento normal de um artista e de um ser humano”, considera o jovem, que admite estar a trabalhar agora para internacionalizar a sua música.
Nesta senda, fazem parte do seu repertório estilos como o afro pop e o afro beat, estilos africanos que estão em alta actualmente.
Fãs aprovam
Nas plataformas digitais, os seus fãs têm reconhecido este novo Trakinuz, que se diz bem acolhido e satisfeito com a repercussão dos seus últimos trabalhos.
“A minha primeira tentativa foi ‘Judite’, e acho que não poderia ter melhor aceitação. Tanto é que tem Judite II vindo por aí. Estamos a dar continuidade”, assegura, ao referir-se a uma das músicas mais tocadas de 2022, com mais de 2 milhões de visualizações.
Sem se definir enquanto artista, Jailson Correia, seu nome próprio, garante que, apesar da maturidade e evolução, mantém-se fiel a si mesmo, fazendo o seu trabalho com base em ideologia e princípios próprios.
“Quero que as pessoas olhem para mim e vejam que estou a fazer aquilo que me deixa à vontade. As pessoas acabam por denominar da forma que querem”, releva.
Parceira improváveis… ou não
Para chegar a outros públicos, Trakinuz tem juntado a sua voz a de artistas de registos musicais diferentes, mostrando versatilidade.
Já cantou com Denis Graça, Alberto Koenig, Tony Fika e Ferro Gaita, este último a realização de um sonho de infância.
“A música com Denis Graça foi um pouco mais improvável, porque é um artista que, de certa forma, não tínhamos uma relação antes. Foi um trabalho de equipa. Quando fazemos música comercialmente, tem o gosto, o feeling, mas é também um trabalho. E Denis Graça foi mais no sentido de abraçar outro tipo de público, chegar no seu público. Fizemos o convite, ele aceitou e agradeço por isso”, recorda.
No caso de Tony Fika, além de colegas, diz, são amigos que apreciam o trabalho um do outro. “Já actuamos juntos no Somos Cabo Verde 2019, e é uma pessoa que sempre me acompanha e apoia”, revela Trakinuz.
Preservar as raízes
Para além desta transformação, faz questão de manter presentes as suas raízes e identidade.
“O que identifica um artista ou pessoa normal é a sua identidade. Quem me conhece sabe que sou de Picos, por isso o meu álbum se chama “Rapazinho di fora”. Tanto a nível de linguagem utilizada na música, como a temática dos videoclips, foi tudo pensado em coerência com o nome do álbum e com as minhas raízes e a minha identidade”, garante.