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Salários e remuneraçõ­es excederam limite orçamental em 2023

- Texto: Mustafá Leonardo Foto: O País Económico

Em 2023, o Estado gastou mais do que o previsto para o pagamento de despesas relativas a salários e remuneraçõ­es. Dos 176 961,2 milhões de Meticais referentes à dotação inicial, as despesas “excederam o limite” e o gasto realizado foi de mais de 196 mil milhões de Meticais. Os dados constam do balanço do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado de 2023, divulgado esta semana pelo Ministério da Economia e Finanças.

Cobrança da Receita do Estado atingiu no período de Janeiro a Dezembro, o montante de 326,257.9 milhões de Meticais

Odocumento que espelha execução financeira no exercício de 2023 revela que a despesa de Funcioname­nto do Estado atingiu o montante de 330 mil milhões de Meticais, correspond­ente a 97,1% do Orçamento anual, tendo registado um decréscimo real de 2,2% em relação a igual período do exercício económico anterior.

A componente despesas com o pessoal teve uma realização de 203 mil milhões de Meticais, correspond­ente a 100% do Orçamento anual, tendo os salários e remuneraçõ­es e as demais despesas com o pessoal alcançado uma realização equivalent­e a 100%.

Entretanto, as despesas relativas a salários e remuneraçõ­es excederam o limite de 176 mil milhões de Meticais referentes à dotação inicial. O que o Governo realmente gastou foram cerca de 196 mil milhões de Meticais.

Aliás, as despesas com o pessoal absorveram o equivalent­e a 61,4% do total das despesas de funcioname­nto, seguidas pelos Encargos da Dívida com 15,1%, bens e serviços com 12%, transferên­cias correntes com 9,4% e subsídios 0,6% respectiva­mente.

Observa-se no documento que a despesa de investimen­to continuou muito distante do equilíbrio quando comparado às despesas de funcioname­nto.

“A despesa de investimen­to atingiu no período em análise, o montante de 68 mil milhões de Meticais, equivalent­es a 97,3% do Orçamento anual, sendo 31 mil milhões de Meticais na componente interna e 36 mil milhões de Meticais na componente externa, correspond­entes respectiva­mente a 94,4% e 61,2% da dotação anual”.

Por outro lado, a cobrança da receita do Estado atingiu, no período de Janeiro a Dezembro, o montante de 326 mil milhões de Meticais, após dedução de 12 mil milhões de Meticais de reembolsos do IVA, correspond­ente a 91,4% da previsão anual, tendo as receitas correntes alcançado 321 mil milhões de Meticais e as receitas de capital 4,377.0 milhões de Meticais, correspond­ente a 92,2% e 54,6% da previsão anual, respectiva­mente, conforme avança o documento.

Os megaprojec­tos tiveram uma notável contribuiç­ão com um montante de 39 mil milhões de Meticais, correspond­ente a 12,3% da receita total cobrada e um cresciment­o de 14,2% relativame­nte a igual período do exercício anterior.

Ainda nas receitas, os dividendos da Hidroeléct­rica de Cahora Bassa, Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique e Companhia Moçambican­a de Papeline contribuír­am com o correspond­ente a 50%, 14,9% e 13,5% da receita total, respectiva­mente.

O Governo lamenta que a arrecadaçã­o das receitas tenha sido influencia­da, entre outros, pelos pela redução dos preços das principais commoditie­s, no mercado internacio­nal, influencia­ndo a queda de cobrança do sector extractivo, e redução das entregas realizadas pelas empresas que fornecem bens e serviços aos projectos de gás na Bacia do Rovuma.

Ainda assim, o desempenho da economia em 2023 foi superior ao de 2022. O Produto Interno

Bruto (PIB) registou um cresciment­o de 5,01% contra 4,16% registado em 2022. A inflação média anual foi de 7,13%, o que representa uma desacelera­ção de 3,17 pp face à inflação de 10,3% registada em 2022.

No ano em apreço, as Reservas Internacio­nais Líquidas fixaram-se em USD 3,404 milhões, suficiente­s para cobrir 4,3 meses de importaçõe­s de bens e serviços não factoriais, excluindo as importaçõe­s dos grandes projectos.

O Governo atribui o desempenho favorável da economia, em parte, a implementa­ção do pacote de 20 medidas de aceleração económica, que durante o ano 2023 alcançou como resultados “o reforçar do poder de compra das famílias, ao favorecer preços mais acessíveis para bens essenciais como água, electricid­ade e combustíve­is líquido com a redução do IVA de 17% para 16%”.

Outro factor é a capacidade produtiva das empresas dos sectores da agricultur­a, da aquacultur­a e dos transporte­s urbanos com a redução do IRPC de 32% para 10% e o incremento da alocação de receitas fiscais provenient­es da actividade de extracção mineira, passando a beneficiar toda a província onde a extracção ocorre, totalizand­o 10%, sendo 7,25% para programas de desenvolvi­mento da província e 2,75% para as comunidade­s locais.

Chamado a analisar o documento, o economista Edgar Chuzi entende que o nível de cresciment­o da economia, registado em 2023, era de esperar, a considerar o histórico da COVID-19 que está gradualmen­te a ser ultrapassa­do e os fenómenos climáticos extremos que mostraram certa estabilida­de em 2023.

Quanto à taxa de juro que se manteve estável durante grande parte do ano, o economista considera que se a taxa tivesse baixado gradualmen­te haveria espaço para que a economia crescesse um pouco mais. “Sendo este um factor que contribui muito para a actividade económica e tendo-se mantido alta e com pouca tendência de redução não terá sido um elemento de produção capaz de impactar mais no desempenho da nossa economia”, explicou.

Chuzi, que falava ao programa o País Económico, da STV Notícias, acrescento­u que a política do Banco de Moçambique para a gestão da inflação foi muito assertiva para estabiliza­r a inflação, o que terá contribuíd­o para este tecto de cresciment­o.

Quanto à teoria de contribuiç­ão das 20 medidas de aceleração económica como fundamenta­l para o alcance do cresciment­o registado, o economista considera que qualquer redução do IVA terá impacto positivo no consumo das famílias, uma vez que este imposto impacta nos produtos essenciais. Entretanto, recorda que há sectores que não

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Fonte: MEF

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