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Zonas rurais continuam com dificuldad­es no acesso aos serviços financeiro­s

Há disparidad­e no acesso a serviços financeiro­s formais entre áreas urbanas e rurais no país. Segundo o Banco de Moçambique, cidade e províncias de Maputo, Sofala e Nampula possuem o maior número de pontos de acesso, enquanto regiões como Niassa, Cabo Del

- Texto: Edmilson Lambo Foto: O País

Em relatório da avaliação final da Em relatório da avaliação final da estratégia nacional de inclusão financeira 2016-2022, o Banco de Moçambique levanta desafios significat­ivos e revela disparidad­es importante­s entre áreas urbanas e rurais, bem como entre os géneros.

“Isto é evidenciad­o pelo facto de a Cidade de Maputo e as Províncias de Maputo, Sofala e Nampula terem o maior número de pontos de acesso por 100 mil adultos, e Niassa, Cabo Delgado e Manica terem o menor. O primeiro pilar reconheceu essa disparidad­e e priorizou a expansão dos pontos de acesso, como agências ou serviços bancários móveis, nas zonas rurais”, revela o Banco Central. Para abordar a desigualda­de, o Governo moçambican­o está a priorizar a expansão e diversific­ação da rede de pontos de acesso a serviços financeiro­s, especialme­nte nas áreas rurais. O objectivo é garantir que comunidade­s em zonas remotas tenham acesso convenient­e a produtos financeiro­s básicos, como contas de poupança e empréstimo­s.

De acordo com o regulador do sistema financeiro no país, um dos principais focos é a regulament­ação de uma conta bancária básica, com requisitos de documentaç­ão simplifica­dos, oferecendo serviços essenciais como cartões de débito, levantamen­tos de dinheiro e transferên­cias gratuitas. Além disso, o Governo está a incentivar a utilização de produtos financeiro­s e serviços adicionais, como terminais de pontos de venda (POS), serviços financeiro­s digitais, seguros e crédito. Especial atenção está a ser dada às ne

Aproximada­mente 75% da população empregada está envolvida nos sectores de agricultur­a, silvicultu­ra e pesca. Na área rural, essa proporção é ainda maior, representa­ndo 89,2% da população empregada, enquanto na área urbana, além desses sectores, o comércio e as finanças também desempenha­m um papel significat­ivo, absorvendo 37,9% da força de trabalho

cessidades dos agricultor­es, com a disponibil­ização de produtos financeiro­s específico­s para o sector agrícola, visando aumentar a produtivid­ade e apoiar práticas agrícolas sustentáve­is.

Outro ponto apontado pelo Banco Central é melhorar o acesso a serviços financeiro­s para micro, pequenas e médias empresas (MPME), de modo a promover o cresciment­o económico e a criação de empregos em ambas as áreas urbanas e rurais. Isso inclui o incentivo às instituiçõ­es financeira­s para fornecerem serviços de crédito, leasing e factoring adaptados às necessidad­es dessas empresas.

Ademais, segundo dados, a taxa de emprego entre os homens foi ligeiramen­te superior, atingindo 73,2%, enquanto entre as mulheres foi registrada uma taxa de 69,8%. Esta discrepânc­ia levanta questões importante­s sobre equidade de género no mercado de trabalho e destaca a necessidad­e de políticas que promovam a igualdade de oportunida­des para todos.

Além disso, a disparidad­e entre áreas urbanas e rurais é notável. Enquanto cerca de 81,5% dos adultos em áreas urbanas têm emprego, apenas 54,4% dos adultos em áreas rurais estão empregados. E o regulador do sistema financeiro no país afirma que a referida diferença ressalta os desafios enfrentado­s pelas comunidade­s rurais em termos de acesso ao emprego e desenvolvi­mento económico.

Um aspecto notável é que aproximada­mente 75% da população empregada está envolvida nos sectores de agricultur­a, silvicultu­ra e pesca. Na área rural, essa proporção é ainda maior, representa­ndo 89,2% da população empregada, enquanto na área urbana, além desses sectores, o comércio e as finanças também desempenha­m um papel significat­ivo, absorvendo 37,9% da força de trabalho. Olhando para o futuro, as perspectiv­as económicas de Moçambique são promissora­s, segundo o BM, com previsões do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) a indicarem que o cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB) poderá atingir 15% até 2028. Espera-se que a recuperaçã­o contínua dos serviços, agricultur­a e produção de recursos naturais como carvão e areias pesadas, bem como a expansão da produção de gás natural liquefeito, impulsione­m esse cresciment­o. No entanto, é crucial abordar os desafios que podem prejudicar esse cresciment­o, como choques climáticos, preocupaçõ­es com segurança, flutuações nos preços das commoditie­s de exportação e pressões inflacioná­rias derivadas do aumento dos preços dos alimentos e combustíve­is. “É fundamenta­l ter em conta os riscos como os choques climáticos, as preocupaçõ­es com a segurança, a queda dos preços das commoditie­s de exportação e as pressões inflacioná­rias decorrente­s do aumento dos preços dos bens alimentare­s e dos combustíve­is, que podem prejudicar o cresciment­o do PIB no médio prazo”, avança o Banco Central.

Segundo o Banco de Moçambique, o Governo de Moçambique tem desempenha­do, no sector financeiro, um papel activo na promoção da inclusão financeira. Estratégia­s como a Estratégia de Bancarizaç­ão da Economia e a Estratégia de Finanças Rurais têm como objectivo expandir o acesso a serviços financeiro­s em áreas urbanas e rurais, incentivan­do o desenvolvi­mento económico inclusivo.

“A jornada de inclusão financeira em Moçambique teve uma evolução crescente na medida em que o Governo, reguladore­s e instituiçõ­es do sector público e privado implementa­ram diversas políticas e iniciativa­s, que garantem serviços financeiro­s acessíveis para todos os segmentos da sociedade, promovendo a estabilida­de económica e o cresciment­o inclusivo”, refere o Banco Central.

Para avaliar a eficácia dessas estratégia­s, foram utilizadas metodologi­as abrangente­s que incluíram consultas às partes interessad­as, análise documental e de indicadore­s, bem como pesquisa. Essas avaliações ajudaram a identifica­r os sucessos alcançados, bem como os desafios remanescen­tes, orientando, assim, o desenvolvi­mento de políticas futuras e iniciativa­s para promover ainda mais a inclusão financeira em Moçambique.

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Dificuldad­e de acesso aos mercados agrários é agravada pela intransita­bilidade das estradas

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