O Pais

Famílias desabrigad­as queixam-se de terem sido abandonada­s pelo município

❯ Famílias cujas casas estão alagadas passaram a noite numa barraca em obras, no bairro de Maxaquene, na Cidade de Maputo. Os Munícipes sentem-se abandonado­s pela Edilidade de Maputo, que se mostrou incapaz de preparar um centro de abrigo.

- Texto: Afonso Chavo

A noite da terça-feira foi caótica para Helena e família, mas foi só o início.

Sim, foi o início, porque, com a água que entrou na sua casa e alagou também as ruas, cou impossível lá chegar, ainda que, no mínimo, fosse para ver o estado das coisas. Seu novo endereço tornou-se a rua. Na rua até encontrara­m um abrigo, no qual estão mais de dez famílias.

“Somos muitos, porque ninguém se salvou aqui, no meio. As coisas ainda estão péssimas; algumas crianças nem à escola foram, porque não deu tempo de salvar, ao menos, cadernos. Perderam-se coisas!”, lamentou Helena, uma das vítimas da tempestade severa Filipo.

O primeiro abrigo em que Helena e os vizinhos se xaram foi uma barraca. Segundo ela, veio, depois, o secretário do bairro, que pediu que fosse abrigar-se na escola que dista uns metros daqui. Só que lá as famílias se sentiram abandonada­s. “Disseram que devíamos permanecer lá até que a água baixasse, mas, das 8h00 até agora - ontem à noite -, não fosse alguém que nos obsequiou com marmita, não teríamos comido nada de casa. Desde de manhã até agora sem comer nada. Sofres e cas sem comer ”, queixou-se.

Para piorar, o guarda da escola disse que as famílias teriam de acordar antes das 04 horas porque, a seguir, a escola seria usada para o processo de ensino-aprendizag­em. Nisso, preferiram voltar à casa, aliás, à barraca.

“E vida isto Ninguém nos prestou socorro, mas, quando chegar a época eleitoral, precisarão dos nossos votos e em nada nos prestam socorro; sempre que chove, esta é a nossa vida”, mostrou-se indignada Joana Luís.

E, por ser assim sempre, Joana e seus vizinhos pedem, primeiro, que as autoridade­s lhes retirem do bairro de Maxaquene. “Se não nos quiserem tirar, que nos coloquem vala de drenagem, não queremos sua comida. Talvez, ao ver-nos aqui, pensem que queremos comida, como aquele um quilograma com que nos enganam, não é isso que queremos. Disseram que poriam vala de drenagem, e até agora nada. A água sempre encheu aqui, mas, desde que construíra­m a bacia, tudo cou pior. Quando não havia bacia, era melhor do que isto e não precisávam­os de dormir nas ruas como isto, mas desde que temos bacia, a água está acima da média.”

A bacia de retenção foi construída no primeiro semestre de 2021 a custo de 23 milhões de Meticais. Não resolveu o problema. Naquela altura mesmo, a edilidade disse que ia construir valas de drenagem, que são essas que a população pede até agora.

Em bairros como 25 de Junho e Munhuana, as ruas e as casas continuam alagadas, mas os residentes que estão em zonas mais altas deram abrigo aos que estavam em situação de não ter onde passar as noites.

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Foto: O País Familias obrigadas a dormir nas barracas criticam municipio de Maputo

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