Propriedades bioativas de macroalgas comuns nos Açores
O mercado mundial dos medicamentos produzidos a partir de fontes naturais terrestres e marinhas atinge anualmente vários bilhões de dólares, o que evidencia o renovado interesse pelo uso de agentes medicinais naturais. A investigação sobre produtos naturais marinhos em diversas espécies, nomeadamente em algas, tem vindo a aumentar devido à presença de metabolitos secundários estruturalmente muito diferentes dos encontrados nas plantas terrestres. Este interesse sugere que estes organismos são uma potencial fonte de compostos únicos biologicamente ativos que poderão ser utilizados na indústria farmacêutica, alimentícia e cosmética. De facto, as algas, por viverem num ambiente geralmente hostil, sintetizam, como estratégia de sobrevivência, metabolitos secundários específicos. Muitos destes metabolitos são importantes como promotores da saúde humana, como é o caso da descoberta de péptidos com propriedades para baixar a pressão arterial. Como é do conhecimento geral, a hipertensão é um dos maiores fatores de risco das doenças cardiovasculares e está estimado que afeta cerca de % da população mundial. Existem várias drogas sintéticas no mercado utilizadas para o seu controlo e prevenção, mas todas apresentam vários efeitos secundários adversos, o que promove a necessidade de encontrar alternativas naturais que evitem ou reduzam estes efeitos secundários. Neste sentido, tem-se desenvolvido investigação na Universidade dos Açores, no Laboratório de Tecnologia Alimentar, sobre a composição nutricional e as atividades biológicas, nomeadamente antioxidantes e anti- hipertensivas, de macroalgas comuns nos Açores, com o objetivo de promover estas espécies como potencial fonte de compostos nutricionais e farmacêuticos importantes. Esta investigação, desenvolvida no âmbito de um projeto de Doutoramento financiado pelo Fundo Regional da Ciência e Tecnologia resultou em informação inovadora, já apresentada à comunidade científica nacional e internacional e já publicada em revistas científicas com revisão por pares. A nível nutricional, verificou-se que as espécies estudadas podem fornecer quantidades significativas de proteínas, aminoácidos essenciais, fibras dietéticas, vitaminas e minerais (sódio, potássio, cálcio e magnésio), apresentando uma razão equilibrada entre o sódio (Na) e o potássio (K) e entre o cálcio (Ca) e o magnésio (Mg). De referir que uma razão Figura 1: Macroalgas marinhas dos Açores A) Fucus spiralis; B) Ulva rigida © Grupo de Biologia Marinha UAç