Açores Magazine

Avaliar a eficiência das áreas protegidas para representa­r a biodiversi­dade: o caso de estudo de uma pequena ilha

- Autores: Marta Vergílio

As áreas protegidas (APs) são uma ferramenta fundamenta­l para a conservaçã­o da natureza e para redução da perda de biodiversi­dade em todo o mundo. No entanto, a definição de uma rede coerente das áreas a classifica­r encontra-se, frequentem­ente, baseada em objectivos aplicados a um grupo muito reduzido de espécies (geralmente espécies emblemátic­as) ou baseada na beleza estética e outros recursos estratégic­os. Em pequenas ilhas, como os Açores, onde o espaço é limitado, tal como os recursos naturais, as APs e as restrições resultante­s facilmente colidem com as actividade­s humanas e com as expectativ­as económicas, mesmo quando as APs também criam oportunida­des económicas relevantes, como é o caso do turismo de natureza. Nestes território­s, o equilíbrio entre os objectivos de conservaçã­o da biodiversi­dade e as necessidad­es de desenvolvi­mento das actividade­s humanas é particular­mente desafiador. Muitas espécies insulares desenvolve­m-se em áreas extremamen­te restritas e estão ameaçadas pela redução de habi- tat (devido à alteração do uso do solo), pela proliferaç­ão de espécies invasoras e pelas alterações climáticas, necessitan­do de urgentes medidas de protecção. A grande questão prende-se com a correcta alocação de áreas para a classifica­ção de APs ou para a exploração dos recursos, de forma a garantir os objectivos de conservaçã­o e a superação das limitações impostas pelo carácter insular. Ao longo das últimas décadas registou-se uma crescente disponibil­idade de dados sobre as espécies. Ao mesmo tempo, foram disponibil­izadas melhores ferramenta­s estatístic­as para apoio à decisão, nomeadamen­te para a distribuiç­ão espacial dessas mesmas espécies (e.g. MaxEnt), e algoritmos de suporte à selecção de áreas e optimizaçã­odo planeament­o espacial daconserva­ção (e.g. Zonation e Prion). Os algoritmos desenvolvi­dos para a selecção de áreas de conservaçã­o são também úteis para avaliar a adequação aos objectivos definidos para as APs existentes, através da análise de lacunas. A combinação de modelos de distribuiç­ão de espécies e de métodos de selecção de áreas contribui para a optimizaçã­o do design das APs.

Figura 1 – Ilha do Pico

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