Avaliar a eficiência das áreas protegidas para representar a biodiversidade: o caso de estudo de uma pequena ilha
As áreas protegidas (APs) são uma ferramenta fundamental para a conservação da natureza e para redução da perda de biodiversidade em todo o mundo. No entanto, a definição de uma rede coerente das áreas a classificar encontra-se, frequentemente, baseada em objectivos aplicados a um grupo muito reduzido de espécies (geralmente espécies emblemáticas) ou baseada na beleza estética e outros recursos estratégicos. Em pequenas ilhas, como os Açores, onde o espaço é limitado, tal como os recursos naturais, as APs e as restrições resultantes facilmente colidem com as actividades humanas e com as expectativas económicas, mesmo quando as APs também criam oportunidades económicas relevantes, como é o caso do turismo de natureza. Nestes territórios, o equilíbrio entre os objectivos de conservação da biodiversidade e as necessidades de desenvolvimento das actividades humanas é particularmente desafiador. Muitas espécies insulares desenvolvem-se em áreas extremamente restritas e estão ameaçadas pela redução de habi- tat (devido à alteração do uso do solo), pela proliferação de espécies invasoras e pelas alterações climáticas, necessitando de urgentes medidas de protecção. A grande questão prende-se com a correcta alocação de áreas para a classificação de APs ou para a exploração dos recursos, de forma a garantir os objectivos de conservação e a superação das limitações impostas pelo carácter insular. Ao longo das últimas décadas registou-se uma crescente disponibilidade de dados sobre as espécies. Ao mesmo tempo, foram disponibilizadas melhores ferramentas estatísticas para apoio à decisão, nomeadamente para a distribuição espacial dessas mesmas espécies (e.g. MaxEnt), e algoritmos de suporte à selecção de áreas e optimizaçãodo planeamento espacial daconservação (e.g. Zonation e Prion). Os algoritmos desenvolvidos para a selecção de áreas de conservação são também úteis para avaliar a adequação aos objectivos definidos para as APs existentes, através da análise de lacunas. A combinação de modelos de distribuição de espécies e de métodos de selecção de áreas contribui para a optimização do design das APs.
Figura 1 – Ilha do Pico