Arquivos e História dos Açores: problemas e desafios
Os arquivos continuam a ser a matéria-prima da História, independentemente das suas diversas tipologias, formatos e suportes, das suas configurações de registo escrito, de imagem e som, ou outros. No seu registo de memória, continuam a ser o alicerce da explicação historiográfica. Não por acaso, e à falta de melhor expressão, continua-se a vê-los como “laboratórios da História”. Ao trabalho perpetrado em arquivos, a autora deste texto faz mais equivaler o que se designa por “trabalho de campo”. Os laboratórios dos historiadores podem ser os arquivos, as bibliotecas, o mundo virtual nas suas atuais e futuras formas, o mundo real no confronto com as evidências e traços/pegadas do tempo, mas localizam-se essencialmente nos gabinetes dos investigadores, quando a informação cruzada, comparada, explicada e reinterpretada assume novos sentidos e dá origem a um produto de pesquisa/indicador de projeto. Por isso, o historiador tem múltiplos e dispersos laboratórios, sempre externos e sob tutela de outrem, cumpre uma imensidade de trabalhos de campo que não dependem apenas de si, que não pode controlar em absoluto, tudo em busca de um objeto de conhecimento que teve existência distinta da atual e não pode mais ser reproduzido em nenhuma experiência laboratorial. Entre 1 e 1, vários textos levantaram os problemas que, na construção da História dos Açores, os historiadores sentiam ao nível dos arquivos. As questões incidiam
1 – Letra de câmbio de 1 (UAc: BAM: ABS – JC) na questão da dispersão, nas formas de organização da informação, nos aspetos da seleção, eliminação e conservação documentais, e, principalmente, nas questões nevrálgicas que são a difusão e o acesso à matéria-prima arquivística dos Açores. Duas décadas volvidas, podem confirmar-se alguns pequenos desenvolvimentos, ainda sem a uniformidade nem a generalidade pretendidas. Progrediu-se no âmbito da produção de instrumentos de acesso à informação/documentação, avançou-se alguma coisa no acesso sem barreiras físicas/geográficas e manteve-se uma política de avaliação, seleção e salvaguarda documental que não conta com o contributo dos profissionais da memória. Os passos dados foram, pois, mais no sentido de atingir os objetivos virados para o acesso à informação através das novas tecnologias. Estão já traçados alguns caminhos e projetos existem, uns mais publicitados/impactantes e com suporte político e financeiro consideravelmente distinto do de outros. Em primeiro lugar, o muito referenciado Centro de Conhecimento dos Açores [CCA], com importantes acervos disponibilizados em linha. Em segundo lugar, destaca-se o que se tem designado por projeto Autonomia Digital dos Açores. Este último, e com base no vídeo promocional constante do Portal do Governo, está integrado no projeto da Casa da Autonomia, e expande claramente o que se expectaria enquadrável na chamada “informação ou arquivos sobre a