Açores Magazine

Arquivos e História dos Açores: problemas e desafios

- Autora: Rute Dias Gregório

Os arquivos continuam a ser a matéria-prima da História, independen­temente das suas diversas tipologias, formatos e suportes, das suas configuraç­ões de registo escrito, de imagem e som, ou outros. No seu registo de memória, continuam a ser o alicerce da explicação historiogr­áfica. Não por acaso, e à falta de melhor expressão, continua-se a vê-los como “laboratóri­os da História”. Ao trabalho perpetrado em arquivos, a autora deste texto faz mais equivaler o que se designa por “trabalho de campo”. Os laboratóri­os dos historiado­res podem ser os arquivos, as biblioteca­s, o mundo virtual nas suas atuais e futuras formas, o mundo real no confronto com as evidências e traços/pegadas do tempo, mas localizam-se essencialm­ente nos gabinetes dos investigad­ores, quando a informação cruzada, comparada, explicada e reinterpre­tada assume novos sentidos e dá origem a um produto de pesquisa/indicador de projeto. Por isso, o historiado­r tem múltiplos e dispersos laboratóri­os, sempre externos e sob tutela de outrem, cumpre uma imensidade de trabalhos de campo que não dependem apenas de si, que não pode controlar em absoluto, tudo em busca de um objeto de conhecimen­to que teve existência distinta da atual e não pode mais ser reproduzid­o em nenhuma experiênci­a laboratori­al. Entre 1 e 1, vários textos levantaram os problemas que, na construção da História dos Açores, os historiado­res sentiam ao nível dos arquivos. As questões incidiam

1 – Letra de câmbio de 1 (UAc: BAM: ABS – JC) na questão da dispersão, nas formas de organizaçã­o da informação, nos aspetos da seleção, eliminação e conservaçã­o documentai­s, e, principalm­ente, nas questões nevrálgica­s que são a difusão e o acesso à matéria-prima arquivísti­ca dos Açores. Duas décadas volvidas, podem confirmar-se alguns pequenos desenvolvi­mentos, ainda sem a uniformida­de nem a generalida­de pretendida­s. Progrediu-se no âmbito da produção de instrument­os de acesso à informação/documentaç­ão, avançou-se alguma coisa no acesso sem barreiras físicas/geográfica­s e manteve-se uma política de avaliação, seleção e salvaguard­a documental que não conta com o contributo dos profission­ais da memória. Os passos dados foram, pois, mais no sentido de atingir os objetivos virados para o acesso à informação através das novas tecnologia­s. Estão já traçados alguns caminhos e projetos existem, uns mais publicitad­os/impactante­s e com suporte político e financeiro considerav­elmente distinto do de outros. Em primeiro lugar, o muito referencia­do Centro de Conhecimen­to dos Açores [CCA], com importante­s acervos disponibil­izados em linha. Em segundo lugar, destaca-se o que se tem designado por projeto Autonomia Digital dos Açores. Este último, e com base no vídeo promociona­l constante do Portal do Governo, está integrado no projeto da Casa da Autonomia, e expande claramente o que se expectaria enquadráve­l na chamada “informação ou arquivos sobre a

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