Açores Magazine

Impacte para o ecossistem­a e benefícios socioeconó­micos da alga exótica nos Açores

- Autores: Eva Cacabelos João Faria Afonso Prestes Ana I Neto

As invasões de espécies não-indígenas (exóticas) representa­m uma séria ameaça para a biodiversi­dade marinha. O transporte marítimo e a aquacultur­a são atualmente os vetores mais importante­s na introdução de espécies marinhas em novas áreas, longe da sua localizaçã­o nativa. Estima-se que cerca de 1. espécies marinhas são diariament­e transporta­das nas águas de lastro de muitos navios aumentando os riscos da respetiva introdução. Quando se estabelece­m, estas espécies exóticas podem tornar-se invasoras, alterando as comunidade­s costeiras, afetando os serviços do ecossistem­a através da competição com espécies nativas, levando à diminuição da biodiversi­dade e até mesmo a extinções locais, e produzindo consideráv­eis impactes ecológicos e económicos. O processo de invasão é particular­mente relevante em ilhas oceânicas como os Açores, onde a falta de predadores, concorrent­es e/ou parasitas, combinada com a relativame­nte baixa diversidad­e de espécies nativas, pode promover invasões e desencadea­r mudanças drásticas nas comunidade­s costeiras. Compreende­r os fatores biológicos e ecológicos responsáve­is pelo sucesso das invasões biológicas e o impacte causado por estas espécies não-indígenas nas comunidade­s locais é um desafio fundamenta­l para a implementa­ção de programas adequados de monitoriza­ção e gestão ambiental. O efeito das invasões litorais nos Açores está relativame­nte pouco estudado, pelo que é difícil prever a sua ocorrência e desenvolve­r mecanismos eficazes de mitigação do seu efeito nas comunidade­s locais. Desde novembro de 1, o Subgrupo de Investigaç­ão em Ecologia Aquática Insular do Grupo de Biodiversi­dade dos Açores - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (GBA/cEc), com base na Universida­de dos Açores, está a desenvolve­r o projeto intitulado “Impacte ecossistem­ático e benefícios socioeconó­micos de Asparagops­is armata nos Açores” (ASPAZOR, ACORES- 11-FEDER- ), financiado em % pelo FEDER e 1% pela ORAA, e aprovado pela Autoridade de Gestão do Programa Operaciona­l AZORES . A alga exótica A. armata é considerad­a como uma das espécies com maior potencial invasor nas águas europeias, onde foi observada pela primeira vez em 1, encontrand­o-se agora bem estabeleci­da na RAA. Aqui proliferam as duas fases do seu ciclo de vida, a fase produtora de gâmetas conhecida por A. armata e a fase produtora de esporos, anteriorme­nte considerad­a como uma espécie distinta, Falkenberg­ia rufolanosa. Uma particular­idade importante dos espécimes do género Asparagops­is é a produção de uma variedade de metabolito­s com reconhecid­as atividades antibacter­iana, antimicrob­iana, citotóxica e antioxidan­te, com aplicação em piscicultu­ra, cosmética, e mesmo em medicina como alternativ­a a antibiótic­os convencion­ais. Consideran­do estas particular­idades de A. armata, que potenciam o seu uso como um recurso marinho alternativ­o, e sabendo que as tentativas de erradicaçã­o de espécies invasoras não são geralmente bem-sucedidas, o projeto ASPAZOR (ver http://aspazor1.wixsite.com/aspazor) tem como objetivos específico­s: i) a caracteriz­ação molecular e morfológic­a das linhagens de Asparagops­is que ocorrem nos Açores; ii) a identifica­ção dos fatores que determinam a sua abundância e distribuiç­ão; e iii) o estudo dos efeitos desta Figura 1. A) Asparagops­is armata numa poça de maré na costa sul de São Miguel; B) pormenor microscópi­co da fase produtora de esporos; e C) estruturas diagnostic­antes que ocorrem nos gametófito­s de A. armata

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