Açores Magazine

Cracóvia, Polónia

- Texto: Ana Catarina Silva Fotografia: Carlos Brum Melo

É interessan­te perceber como, outrora, Cracóvia foi um importante centro cultural e académico da Europa Central, motivo pelo qual acolhia tantos judeu e judias até à eclosão da II Guerra, contrariam­ente a outras cidades europeias, onde eram alvo de rejeição e preconceit­o. O velho bairro de Kazimierz, foi até então a principal comunidade judaica da Polónia. Todavia, com a chegada de Hitler, o bairro vizinho de Podgórze, situado na margem direita do rio Vístula e ligado pela ponte Bernatek, foi transforma­do num gueto para mais de 1  judeus, que servia como sala de espera até aos campos de extermínio. Depois do holocausto, estas áreas entraram em declínio tal que a população judaica não voltou ali a fixar-se. Aliás, só por altura da rodagem do filme A Lista de Schindler de Spielberg, é que Kazimierz iniciou a sua recuperaçã­o, tornando-se hoje numa das zonas mais populares de Cracóvia, para residir como para aproveitar a vida boémia. Aqui também a cultura judaica tem reemergido, sendo comum encontrar galerias de arte, museus, sinagogas, restaurant­es com comida local ou com produtos kosher (todos aqueles que obedecem à lei judaica) e bares alternativ­os com música klezmer, uma sonoridade travessa que nos obriga a dançar. Ora contemplat­iva, ora frenética, esta música popular da Europa de Leste é enaltecida por um sentimento familiar tipicament­e judeu… Embalados nesta trilha sonora, exploramos demoradame­nte a Plac Nowy, as várias sinagogas visitáveis e o Museu Histórico da História e Cultura dos Judeus, até que rumamos a uma das principais atrações da cidade: a Fábrica de Oskar Schindler. Filiado no Partido Nazi, e recrutado pelas SS ( Schutzstaf­fel, uma agência secreta de proteção ao regime) como informador, Schindler foi um astuto homem de negócios que, durante a invasão da Polónia, adquiriu uma fábrica metalúrgic­a conhecida por Deutsche Emaillewar­en-Fabrik. Como a mãode- obra alemã era muito dispendios­a, decidiu selecionar os seus trabalhado­res entre os judeus que estavam no campo de trabalho de Plaszow. Contudo, à medida que foi conhecendo as atrocidade­s de que os judeus eram vítimas, Schindler viu naquele negócio uma forma de salvar vidas, conseguind­o que mais de 1 judeus escapassem à morte… Para além de dar a conhecer esta história inspirador­a, o museu da Fábrica retrata também a realidade da cidade desde o final de 1 até ao fim da época comunista. Decididos a sair do centro da cidade, apanhamos um autocarro até Nowa Huta, um subúrbio oriental frio e severo que nasceu de um ideal comunista. Planeada e construída como uma cidade- modelo soviética depois da II Guerra, pretendia abrigar uma dezena de milhar de trabalhado­res. Nowa foi

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