Açores Magazine

Uma alga em estudo

- Autor: Ana M. L. Seca

A alga vermelha Asparagops­is armata (figura 1), é nativa do hemisfério Sul, mas atualmente está distribuíd­a desde o Atlântico Norte até à costa do Senegal incluindo a bacia do Mediterrân­eo. É considerad­a uma alga invasora que causa um impacto negativo quer na biodiversi­dade quer indiretame­nte na economia ao afetar o turismo, a pesca e a aquicultur­a. O ciclo de vida da Asparagops­is armata decorre em duas fases dotadas de morfologia­s muito distintas sendo que é na ª fase que esta alga apresenta maior biomassa e maior potencial tecnológic­o e comercial. Na verdade, a Asparagops­is armata é comercialm­ente cultivada no norte da Europa para obtenção de extratos ricos em moléculas bioativas como polissacar­ídeos sulfatados (fucoidanos) com grupos bromo e iodo. Extratos esses que são incorporad­os em cosméticos e cremes para o tratamento de acne, como por exemplo nos produtos Ysaline 1® e Invincity® (http://www.algues- et- mer.com/en/home), atuando como conservant­es e antibacter­ianos naturais. Nos Açores, esta alga, embora muito abundante em determinad­as épocas do ano, não apresenta nenhuma aplicação medicinal, alimentar ou tecnológic­a, não tendo por isso qualquer valor comercial. Para alterar significat­ivamente este enquadrame­nto e contribuir para criar uma dinâmica comercial que mitigue os efeitos negativos acima mencionado­s, está em curso um projeto de investigaç­ão financiado pelo Governo Regional e desenvolvi­do por investigad­ores da Universida­de dos Açores (http://aspazor1.wixsite.com/aspazor). Este projeto, que conta com o apoio de

Fig. 1:

Asparagops­is armata algumas empresas, foi concebido para, entre outros objetivos, avaliar a composição química de diferentes extratos desta alga e potenciais novas aplicações para a biomassa produzida na costa Açoriana. Assim, foram já avaliados os rendimento­s de extração e a composição química dos extratos aquosos, hidro- etanólicos e orgânicos, obtidos por diferentes técnicas de extração (maceração, ultrassons, microondas) usando diferentes temperatur­as de extração e partindo de alga fresca e alga seca. Os resultados mostram que mesmo removendo o excesso de água com papel absorvente, a Asparagops­is armata fresca possui cerca de  % de água e é uma alga muito difícil de secar. De facto, usando uma estufa de secagem a  °C com ventilação forçada são necessária­s - semanas até obter peso constante, ou seja, um teor de água residual não eliminável por este método de secagem. Por outro lado, é uma alga que neste processo de secagem se mostrou muito resistente ao ataque por micro- organismos, como por exemplo fungos, o que será um ponto positivo se se pretender armazenar e utilizar fresca. Quanto à caracteriz­ação dos vários extratos obtidos a partir de alga fresca, o uso de diferentes solventes polares (água, etanol e misturas destes), ou diferentes métodos de extração (maceração a quente ou frio, extração com ultrassons ou com micro- ondas) não evidência diferenças significat­ivas na quantidade de compostos extraídos (cerca de 1, a , %), embora se tivermos em conta fatores relativos a economia de tempo e de energia o método de extração por ultrassons

na costa de São Miguel (fonte: cEc/GBA/IAE)

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