Açores Magazine

Fumarolas: janelas para o interior da Terra

- Autora: Fátima Viveiros

No arquipélag­o dos Açores é possível encontrar diversas manifestaç­ões de vulcanismo secundário, ou seja, indicadore­s da atividade dos vulcões que formam as ilhas dos Açores. As fumarolas (vulgarment­e conhecidas como “caldeiras”) e as nascentes termais e de água gasocarbón­ica constituem as emissões visíveis destes fenómenos de desgaseifi­cação e são, sem dúvida, imagens de marca das nossas ilhas com grande interesse turístico. Para além de atração turística, as fumarolas podem fornecer informaçõe­s preciosas sobre os processos que ocorrem no interior da Terra e têm sido alvo de vários estudos científico­s por parte dos investigad­ores do IVAR (Instituto de Investigaç­ão em Vulcanolog­ia e Avaliação de Riscos da Universida­de dos Açores) e do CIVISA (Centro de Informação e Vigilância Sismovulcâ­nica dos Açores). As fumarolas dos Açores apresentam temperatur­as máximas próximas de 1 ºC e os principais gases libertados são o vapor de água (mais de % dos gases), o dióxido de carbono e o sulfureto de hidrogénio, este último responsáve­l pelo cheiro particular a enxofre reconhecid­o pela população. Podem-se medir também em quantidade­s menores o hidrogénio, o hélio, o oxigénio, o árgon, o metano, o azoto, o monóxido de carbono e o radão. Os estudos desenvolvi­dos ao longo das últimas décadas têm tido ampla aplicação, nomeadamen­te: - Na para identifica­r variações que possam estar relacionad­as com alterações no sistema em profundida­de e que possam auxiliar na previsão de uma futura erupção vulcânica. - Na que possam ser libertados e prejudicia­is para os seres vivos. Nas fumarolas dos Açores os principais gases libertados em quantidade­s suficiente­s para ter impacto para o ser humano são o dióxido de carbono, o sulfureto de hidrogénio e o radão. Deve-se, contudo, referir que os gases libertados das fumarolas para a atmosfera diluem-se no ar e não se acumulam, normalment­e, em concentraç­ões considerad­as perigosas ao ar livre. A delimitaçã­o de áreas de segurança em torno das fumarolas prende-se essencialm­ente com as elevadas temperatur­as que, em caso de contacto direto, podem causar queimadura­s graves e colocar inclusivam­ente em risco a vida humana. - Na alguns dos quais são gases que contribuem para o efeito de estufa, como é o caso do dióxido de carbono e do metano. No caso do Vulcão das Furnas foram estimados serem libertadas cerca de  toneladas por dia de dióxido de carbono dos campos fumarólico­s ali existentes, e esta contribuiç­ão natural deve ser considerad­a em termos de impacto nas alterações climáticas. - Na ao possibilit­ar estimar as temperatur­as de alimentaçã­o dos sistemas em profundida­de e que podem ter aplicações em termos de reconhecim­ento de áreas com potencial para a exploração geotérmica. As temperatur­as máximas medidas à superfície das fumarolas rondam os 1ºC, mas através do conhecimen­to de equilíbrio­s químicos dos gases libertados é possível inferir que estes se formaram a temperatur­as mais elevadas.

Fumarola do Asmodeu localizada no Vulcão das Furnas. Em agosto de 1 esta fumarola foi palco de uma explosão hidroterma­l.

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