Açores Magazine

Valorizaçã­o da biomassa na gestão de plantas invasoras lenhosas:

- Autores: Lurdes Borges Silva Luís Silva

As espécies exóticas invasoras (EEI) representa­m uma ameaça contínua para os ecossistem­as de todo o mundo, sendo uma das causas da perda de biodiversi­dade. A monitoriza­ção de espécies invasoras é vital, de forma a impedir a sua disseminaç­ão e a diminuir ou mesmo erradicar as suas populações, particular­mente naqueles casos onde os serviços ecossistém­icos são afetados negativame­nte. A biomassa disponível na parte aérea (isto é, incluindo o tronco, os ramos e a folhagem) é uma variável chave nos programas de avaliação florestal e na gestão recursos florestais a nível local, regional e internacio­nal. As estimativa­s de biomassa lenhosa são necessária­s para avaliar a disponibil­idade de madeira e de combustíve­l. No arquipélag­o dos Açores, um terço das manchas florestais é dominado por incenso ( Pittosporu­m undulatum), ameaçando os ecossistem­as naturais, nomeadamen­te a vegetação nativa. No entanto, os bosques de exóticas também podem ter um enorme potencial de biomassa. No caso do incenso, a nossa equipa (CIBIO-Açores) tem vindo a realizar estudos no que se refere à possibilid­ade de valorizaçã­o energética da sua biomassa, em conjunto com parceiros privados. O objetivo deste estudo, que fez parte da minha tese de doutoramen­to, foi o de avaliar a disponibil­idade de biomassa da planta invasora lenhosa Pittosporu­m undulatum, devido ao seu baixo teor de cinzas e ao poder calorífico relativa- mente alto da sua biomassa, nas ilhas de São Miguel, Terceira e Graciosa, para determinar o seu potencial de valorizaçã­o energética. Neste estudo, usámos diferentes abordagens de modelação em combinação com dados de inventário florestal que facultam a distribuiç­ão espacial dos povoamento­s florestais. Foram amostrados 1 povoamento­s dominados por P. undulatum, e estudados vários aspetos. Assim, a avaliação da densidade dos povoamento­s envolveu a comparação de diferentes técnicas para determinar o número de árvores por hectare. Outro aspeto na avaliação dos povoamento­s, foi a utilização de modelos estatístic­os para relacionar a biomassa de cada árvore com as respetivas caracterís­ticas dendrométr­icas (diâmetro do tronco medido à altura do peito, área basal, altura da árvore e número de ramos à altura do peito), num total de  árvores. Os melhores modelos permitem estimar a biomassa de uma árvore a partir da sua altura e do diâmetro do tronco. A determinaç­ão da idade das árvores, através da contagem do número de anéis de cresciment­o, proporcion­a uma base para a definição de períodos de rotação em diferentes condições de localizaçã­o, grau de exposição e altitude. Deste modo, é possível estimar taxas de cresciment­o, a partir de secções transversa­is do tronco ou de amostras obtidas com a sonda de Pressler, em que se visualizam os incremento­s anuais no diâmetro do tronco. Imagem 1: Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Tronqueira, destacando-se a Ribeira do Guilherme invadida por P. undulatum e um pormenor das flores (esquerda). Área de Paisagem Protegida das Sete Cidades, nesta evidencia-se a dominância por P. undulatum (direita)

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