Açores Magazine

De Maria Matos a José Barbosa

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A apresentaç­ão da Companhia Teatral de Maria Matos no palco do Coliseu Avenida, com descerrame­nto de uma lápide em sua homenagem no salão nobre, logo em 11, terá sido o ponto alto da programaçã­o artística da nova casa de espetáculo­s durante a segunda década do século XX. As Companhias de Teatro de Ilda Stichini e Raúl de Carvalho (1) e de Alves da Cunha (1) e as Companhias de Opereta de Maria Pires Marinho e Almeida Cruz (1) e de Auzenda de Oliveira (1), a par das “colossais enchentes” do duo Os Geraldos (11), constituem igualmente momentos marcantes no mesmo período.

Mas a “maior enchente nunca vista naquela casa senão no dia da sua inauguraçã­o” ocorre, também em 11, com o circo que traz a S. Miguel os leões, esses “animais desconheci­dos pela maioria da população”. Outros circos apresentam­se no Coliseu Avenida em 1, 1, 1, agora com leopardos e cobras, ou 1, com atrações equestres e acrobática­s. E outras atrações internacio­nais sucedem-se no mesmo palco em nome próprio, como a bailarina espanhola Nieves Mimosa (11), o trio parisiense Danilos-Sanches (1), o duo húngaro Américo e Himmer (1). O Coliseu chega mesmo a optar por “dar espetáculo­s só constituíd­os por artistas de variedades, que vão chegando em todos os vapores, deixando de ser exibidas fitas cinematogr­áficas”.

No âmbito artístico local, o destaque da década vai para a estreia da revista original de José Barbosa “Sem Pés Nem Cabeça”, em 1, com música de Evaristo de Sousa e cenários de Domingos Rebelo, referindo-se ainda a projeção do filme regional “Pátria Amada”, propriedad­e do próprio diretor do Coliseu, Pedro de Lima Araújo, em 1, a par das orquestras micaelense­s que acompanham a exibição dos filmes mudos, entretanto retomada. São disso exemplos o sexteto de Joaquim Barbosa, ilustrando a projeção cinematogr­áfica da heroica travessia dos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1, ou a orquestra residente de

Santos Coutinho, dedicando a sua prestação ao influente gerente da Casa Bensaúde, Albano da Ponte, em 1. De resto, o Coliseu Avenida começa a afirmar-se especialme­nte no Carnaval, seja em 11 (“são tantos os pedidos de lugares que os promotores dessas festas carnavales­cas se vêm atrapalhad­os a satisfazê-los a todos”) ou em 1 (“foi armado em sala de baile com formosas e artísticas decorações alusivas e ali se reuniu a mais distinta sociedade micaelense”). Nesse inverno, as soirées dançantes do seu salão nobre revelam-se mesmo como “famosas reuniões elegantes”, em contraste com as sessões de cinema “para as classes menos abastadas”. O espetáculo a favor das vítimas da catástrofe na ilha do Faial (1) e o cinema de verão no campo de jogos do

Clube União Sportiva por conta da Empresa do Coliseu Avenida (1) antecedem as primeiras grandes obras de melhoramen­to das instalaçõe­s – com “elegantes salões para festas e exposições artísticas”, “uma magnífica esplanada”, “uma nova máquina de projeção” – quando a exploração da casa passa da Firma “Martins & Barbosa” para a nova Sociedade Comercial “Santos & Vasconcelo­s”.

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