A chegada do cinema sonoro
Os anos trinta, em que o Coliseu Avenida é agora a única casa de espetáculos de Ponta Delgada na sequência dos incêndios do Teatro Micaelense e do Cine Ideal, ficam marcados pela chegada do cinema sonoro à ilha de São Miguel. A estreia do “autêntico cinema sonoro, pelo sistema Movietone, ou seja, a gravação do som no próprio filme” ocorre em março de 1, com projeção da película angloalemã “A Cidade do Canto”, protagonizada pelo tenor do Scala de Milão, Jan Kiupura.
Sucedem-lhe filmes sonoros de produção nacional, como “A Severa”, realizado por Leitão de Barros, ou “A Canção de Lisboa”, protagonizado por Vasco Santana, Beatriz Costa e António Silva, sem dispensar o regresso pontual à exibição de filmes mudos com acompanhamento musical da orquestra local de Licínio Costa.
É então fornecedora de filmes do Coliseu Avenida a empresa nacional Salm Levy Júnior & Cª, representada em Ponta Delgada por Pedro de Lima Araújo, e, mais tarde, a Empresa Cinemasonoro da Madeira, que assegura também o cinema de verão ao ar livre no vizinho recinto do Clube União Sportiva, com filmes como “As Pupilas do Senhor Reitor”. Também no início da década, em 1, ganha agora nova dimensão no palco do Coliseu Avenida a reposição da revista “Lanterna Mágica”, um original de José Barbosa com música de Ilídio d’Andrade, que regista sucessivas enchentes como sendo “o maior dos nossos sucessos teatrais”. Outros espetáculos de caráter revisteiro são apresentados pelo Grupo Dramático da Sociedade “Recreio dos Artistas” de Angra do Heroísmo e, do continente português, pelas Companhias de Revistas de Eva Stachino/Santos Carvalho e de Filomena Casado.
Mas os espetáculos de circo continuam a ser a grande sensação do Coliseu Avenida. Em 1, com a Companhia de Circo Basílio. Em 1, com a Companhia de Circo estreada em Lisboa e procedente do Funchal. Em 1, com a Grande Companhia Equestre de Circo que, para além da Família Cardinalli, apresenta uma atração especial: “Todo o cais de Ponta Delgada estava à cunha para verem desembarcar o famoso elefante, a novidade para o nosso meio que nunca viu animal de tão grandes dimensões passear nas ruas da nossa cidade”.
Paralelamente, organizam-se os “Grandiosos Bailes Carnavalescos”, com animação musical da Jazz-Band Cristóvão de Sousa (1) ou com decoração ao gosto oriental (1), e, entretanto, decorrem aqui eventos patrióticos como a apoteose à Marinha de Guerra Nacional pelas juntas de freguesia da cidade (1), o espetáculo promovido pela Legião Portuguesa de Ponta Delgada para comemorar o 1º de Dezembro com documentários demonstrativos das grandes realizações do Estado Novo (1) ou a projeção do filme “Revolução de Maio” precedida de sessão solene com o governador civil Campos Neves (1).