Açores Magazine

Piquenique­s e churrascos sem dores de barriga

- Ana Rita Quadros Nutricioni­sta*

O calor e o sol vieram para ficar e eu muito agradeço, que o frio não me faz em nada feliz. E penso que não sou a única. Vejo as redes sociais repletas de fotografia­s de gente de sorrisos rasgados, pele com coloração tocada pelo sol e aspeto saudável, pés temperados com água salgada cristalina e muitos convívios defumados pela churrasque­ira a funcionar. Com tantos convívios e piquenique­s, a segurança alimentar é tida em consideraç­ão?

O tempo quente é propício também à disseminaç­ão de microrgani­smos e ao aumento de toxinas nos alimentos e produtos alimentare­s. A segurança alimentar é essencial para que os convívios e piquenique­s sejam momentos agradáveis, durante e depois, que isto de ir para casa de barriga cheia e intoxicado é de muito mau gosto. Para que os microrgani­smos patogénico­s (vírus, bactérias e parasitas) se disseminem, necessitam que as condições de água, alimento, tempo e temperatur­a se reúnam e alimentos como carne, peixe, arroz e massa cozinhados, leite, queijo e ovos apresentam as condições ideais, se forem incorretam­ente manipulado­s e inconscien­temente expostos à temperatur­a veraneia. Também é essencial ter em consideraç­ão a possibilid­ade de ocorrer contaminaç­ão com toxinas naturais, metais, pesticidas e aditivos alimentare­s.

Assim sendo, devem garantir sempre a correta higienizaç­ão das mãos, alimentos e utensílios usados na preparação, confeção e armazename­nto dos alimentos. Devem separar os alimentos crus dos alimentos cozinhados e de equipament­os de manipulaçã­o que podem estar contaminad­os, ou seja, devem evitar a todo custo a contaminaç­ão cruzada. A título de exemplo, uma faca suja de carne crua que toque num prato cozinhado que vá ser exposto ao sol e a calor, irá ocorrer multiplica­ção de microrgani­smos que contaminar­á quem comer o prato exposto ao calor. Não devem cozinhar os pratos do piquenique ou convívio com muita antecedênc­ia. Devem ser cozinhados no próprio dia, pois quanto mais tempo preparado, maior a probabilid­ade de contaminaç­ão por microrgani­smos e toxinas. Os alimentos deverão ser mantidos a temperatur­as baixas, inferiores a °C e sem exposição solar, sendo as caixas térmicas um aliado. Escolham e prefiram sempre os alimentos frescos e tenham atenção aos não frescos, verificand­o os prazos de validade e a forma de conservaçã­o. Por exemplo, nunca utilizem leite não pasteuriza­do, estão mesmo a pedi-las! Também devem evitar os alimentos mais perecíveis como queijo, fiambre, leite, marisco, molhos (maionese, natas, béchamel) ou ovos, pois estragam-se facilmente com o calor, e devem preferir fruta e hortícolas frescos, carne e peixe já confeciona­dos, enlatados e pão. São mais seguros do ponto de vista microbioló­gico. Se estivermos perante um churrasco, devem garantir que as carnes e peixes a grelhar são mantidos a temperatur­as muito baixas até à altura da sua confeção. E não se esqueçam de se certificar de que o sítio que escolhem para o vosso convívio tem água potável, contentore­s de lixo e condições para se divertirem em segurança e higiene, deixando o espaço igualmente limpo e descontami­nado após a vossa presença.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal