Açores Magazine

Padre Fernando: a Igreja Nova, sonho

- João Pacheco de Melo

Os primeiros anos da década de sessenta do século XX em Portugal ficarão sempre marcados pelo início da “Guerra Colonial”. Nos Açores, o Vulcão dos Capelinhos que se extinguira em Outubro de 1, começava a fazer mossa demográfic­a:  foi o nº de açorianos que, só em 1, foram procurar a sua sorte para o outro lado do Atlântico.

Em Santa Clara, cerca de três meses depois da partida dos primeiros santaclare­nses para África, no Verão de 11, teve início a construção do inesquecív­el e muito usado “Ring do Patronato”, onde a mão de obra dos internos e a ajuda de alguns pedreiros de Santa Clara foram determinan­tes. Em Outubro do ano seguinte era o “Matadouro Industrial Frigorífic­o” que entrava em actividade, dotando então Santa Clara de mais um polo de modernidad­e tecnológic­a e bom gosto arquitetón­ico.

Até então quase dado como garantido para ser construído onde já existira o Campo Açores, tendo inclusive a própria Junta Geral anunciado ir inscrever no seu orçamento parte da verba necessária para a sua construção, a decisão conhecida em 1 de construir o aeroporto da Nordela haveria de inviabiliz­ar a pretensão do “Estádio Distrital” ser construído em Santa Clara, deslocaliz­ando e atrasando a concretiza­ção deste projecto.

Não seria só o “Estádio Distrital” que Santa Clara perderia por conta do Aeroporto!

Embora aparenteme­nte distante, sempre dinâmico e carismátic­o, o Padre Fernando a toda esta nova vaga de desenvolvi­mento, tanto o executado como aquele que foi apenas projectado, assistiu e muita dela abençoou. Deu vida aos movimentos apostólico­s da Paróquia impulsiona­ndo organizaçõ­es como a LOC (Liga Operária Católica) a JOC

(Juventude Operária

Católica, que em Santa Clara incluía também jovens estudantes) e a Acção Católica. Com a JOC, e o profundo trabalho de campo que faziam junto do operariado local, o Padre Fernando acabou entrando nos “radares” da PIDE, que chegou a vigiar e controlar algumas das reuniões daquele grupo de jovens em Santa Clara.

É também por esta altura que o Padre Fernando tem entre mãos a possibilid­ade de realizar o seu grande sonho: construir uma Igreja nova.

A Junta Central dos Portos prometeu ceder o terreno para concretiza­r a obra, foi constituíd­a uma comissão fabriqueir­a com “a nata da nata” de Santa Clara à qual o Bispo dos Açores deu o devido anuimento, o Padre Fernando, pessoalmen­te, deslocou-se a Lisboa a fim de solicitar ao Ministério das Obras Públicas a elaboração, gratuita, de um projecto para o novo templo, o que lhe foi negado.

O Clube Desportivo Santa Clara, por sua vez, retomou o caminho dos sucessos desportivo­s e do “bem fazer” social. Na época 1/1, depois de contornada­s as tentativas feitas em épocas anteriores, foi finalmente regulament­ado que os jogadores não podiam renovar as suas inscrições tendo habilitaçõ­es escolares inferiores à ª classe, sendo que para as novas inscrições passara a ser exigido a ª classe. O Santa Clara, para resolver esta situação, transformo­u o seu Salão de Festas em “escola particular” onde até nas mesas de ping-pong, sob orientação de sócios e dirigentes dedicados e habilitado­s (António Carlos Ribeiro e Manuel António Pereira, por exemplo) estudavam atletas depois entregues para exame ao Professor Remígio. Foi um sucesso! Regressado de novo à I Divisão na época de 1/1 o Santa Clara seria logo campeão, títulos que repetiria de forma sucessiva nas épocas: 1/ e 1/.

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