Correio da Manha - CM Sport

PAULO RODRIGUES “O Vitória precisa de uma mudança drástica”

“QUERO FAZER A ACADEMIA FÉLIX MOURINHO”

- MÁRIO FIGUEIREDO TEXTOS VÍTOR CHI FOTOS

CANDIDATO Antigo empresário vai a votos no próximo dia 18 de outubro e acredita que pode reerguer o V. Setúbal, que caiu da Liga para o Campeonato de Portugal devido a dívidas CONFIANÇA Aposta na formação como arma e vontade de construir a Academia Félix Mourinho

Correio Sport - O que o faz avançar para a presidênci­a do V. Setúbal, numa das piores alturas da história do clube? - É o facto de acreditar que sou, neste momento, a única pessoa e sócio do Vitória mais bem preparado para tirar o clube da situação difícil em que se encontra. Quero restituir a grandeza ao clube. -Como analisa este processo que conduziu à descida administra­tiva do V. Setúbal, depois de ter garantido a manutenção no campo? -É uma situação drástica. Uma descida de divisão para a II Liga já era gravíssima, quanto mais para o Campeonato de Portugal. Houve falhas gigantes de quem estava no comando do clube, depois

de os jogadores terem feito tudo em campo para que a equipa se mantivesse na Liga. - Os recursos interposto­s nos tribunais dão alguma esperança da reposição da equipa na Liga, como aconteceu com o Boavista ou o Gil Vicente? - Não sou jurista e por isso não posso fundamenta­r uma posição, mas o facto de o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) ter enviado o caso para o tribunal administra­tivo significa que a decisão vai demorar, pelos menos, entre três a cinco anos. - Vai esperar por uma decisão favorável?

- O Vitória não pode esperar. Vamos continuar a fazer tudo para continuarm­os a jogar e fazer o melhor possível. Este processo causou danos gravíssimo­s ao clube.

- O clube está mergulhado numa crise financeira profunda. Quais serão as suas armas para restituir a credibilid­ade do clube? - As culpas da situação do clube não podem ser imputadas apenas à última direção, as anteriores também tiveram muitas responsabi­lidades. O nosso trunfo passa por reverter as dívidas que são na ordem dos 48 milhões de euros, repartidos entre a SAD e o clube. Vamos apostar na formação e arranjar investidor­es que acreditem na nossa direção e projeto. - Admite pedir responsabi­lidades a antigos dirigentes sadinos pela despromoçã­o, como fez, por exemplo, Bruno de Carvalho quando assumiu a presidênci­a do Sporting? - Se ganhar as eleições vou fazer tudo para defender o clube. Irei respeitar a vontade e o desejo dos sócios. Só os expulsarei de sócios se for essa a vontade dos nossos adeptos. Não tomarei uma posição individual sobre isso. - É empresário de futebol. Como pensa conciliar as duas atividades se for eleito presidente do clube? - Já não sou empresário de futebol. Cessei essa atividade para ficar livre de forma a trabalhar para o Vitória as 24 ho

ras do dia. Serei um presidente em exclusivid­ade para lutar pelos interesses do clube. - Sente que os seus conhecimen­tos nas várias áreas do futebol podem ajudar a reerguer a equipa? - Tenho uma experiênci­a muito grande do futebol e co

nheço muita gente. O que pretendo é fazer um apelo a todos os presidente­s da Liga, II Liga e Campeonato de Portugal. O Vitória precisa de todos, da FPF, da Liga, do Sindicato e de Portugal. O Vitória é um clube de Portugal e não apenas de uma região. Temos 110 anos de história e isso não pode ser ignorado.

- O Belenenses quando começou no distrital traçou como meta a subida à Liga em cinco anos. Qual é o seu plano para o V. Setúbal?

- Não quero fazer comparaçõe­s. O Vitória não está na Liga por uma decisão administra­tiva. Não foi por culpa dos jogadores. Quero um Vitória ambicioso que seja campeão no Campeonato de Portugal e se puder regressar à Liga em dois anos, não o vou fazer em três…

- É considerad­o uma pessoa temperamen­tal, tendo chegado mesmo a invadir as instalaçõe­s do clube. Como vai controlar esse ímpeto?

- Não me considero uma pessoa temperamen­tal, como dizem. Esse episódio aconteceu depois de estar, com um grupo de investidor­es, cinco horas à espera de uma reunião com a direção. Foi o desgaste dessa situação que me conduziu a esse ato, mas reconheço que errei e assumo. - Foi um dos responsáve­is por arranjar investidor­es para o V. Setúbal inscrever a equipa na época passada. Tem investidor­es agora para a sua candidatur­a?

- Fui um dos responsáve­is pela inscrição da equipa nos últimos três anos. Arranjei investidor­es para Fernando Oliveira, para Vítor Hugo Valente e para Paulo Gomes. Se arranjei para os outros, também os vou arranjar para mim. Acredito que os investidor­es, alguns clubes e empresário­s vão ajudar o Vitória a reerguer-se desta situação difícil. Se acreditare­m no líder e no projeto, os investidor­es vão aparecer.

- Se ganhar as eleições, a Câmara Municipal de Setúbal vai ser um parceiro do clube?

- A Câmara de Setúbal sempre foi um parceiro muito interessan­te e tem ajudado muito nesta fase. Não faz sentido para o Vitória estar de costas voltadas para a câmara. A união é benéfica para as duas partes.

– Sente que os sadinos estão consigo e com a sua lista?

- Os sócios têm de perceber que o Vitória precisa de uma mudança drástica. Este é um momento fulcral para o clube. Sou um líder com experiênci­a em várias áreas do futebol, ao contrário dos últimos três

presidente­s. Acredito que os sócios que agora estão indecisos vão votar em mim no dia 18 de outubro, porque vão perceber que eu posso fazer a diferença.

– Como viu as manifestaç­ões dos adeptos contra a descida? É essa a militância que pretende ter no clube?

- Quero criar condições no clube para que o nosso estádio encha, quando o público puder regressar às bancadas. Quero ser um presidente de união entre a claque, sócios, adeptos e amigos. Sou um apaixonado pelo futebol e posso trazer ideias novas.

- Muito se tem falado num centro de estágio do V. Setúbal. Está incluído no seu programa eleitoral?

- O meu projeto, a minha visão, o meu sonho para o Vitória passa pela formação e a construção da academia Félix Mourinho. Quero fazer um justo reconhecim­ento à família Mourinho. O pai foi jogador, treinador, diretor desportivo e secretário técnico do clube. Depois veio o filho que é o melhor treinador do Mundo e espero que continue a ser. A família Mourinho merece uma academia e isso só faz sentido se for em Setúbal. Quero criar ainda a Fundação Vitória e a Vitória TV, projetos que dão grandeza ao clube.n

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ENTREVISTA
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