“No Sporting vivi quatro fantásticos anos”
CARREIRA Defendeu as balizas do Sporting e do FC Porto, as duas equipas que hoje mesmo se defrontam em Alvalade BICHINHO De ambos guarda boas recordações, mas diz ter ficado com um carinho especial pelos leões PRESENTE Hoje é empresário e tem uma academi
Correio Sport - Jogou no Sporting e no FC Porto. Sente-se dividido no clássico de hoje?
Paulo Costinha -
Acima de tudo, gosto de ver um bom jogo de futebol e penso que este clássico será um excelente espetáculo por parte das duas equipas. Era mais bonito, de certeza, se houvesse adeptos. Mesmo com duas mil e quinhentas pessoas no estádio. Não será a mesma coisa, porque não é criado o ambiente, as sensações a que estamos habituados. Os jogadores vão para dentro do campo, dão tudo, fazem o seu papel, mas há qualquer coisa que falta. O importante é que seja um bom espetáculo.
- Não respondeu. Vai torcer por quem?
- Não sou doente, nunca fui. Se tiver de dizer que o FC Porto foi superior ao Sporting, sou o primeiro. Como também digo o contrário se for o caso. Agora, isto é assim, há sempre aquele bichinho que toca em nós… e o Sporting é um dos clubes que tenho no coração. Como tenho os clubes por onde passei, uns com maior intensidade do que outros.
- Como define a passagem pelo Sporting?
- Foram quatro fantásticos anos num grande clube. É verdade que tem muitos problemas, mas é um clube que me ficou no coração e que se mantém. Fiz grandes amizades e a única coisa que não ganhámos foi o campeonato. Depois… não foi bem a minha decisão, mas aconteceu a minha ida para o FC Porto, logo a seguir aos Jogos Olímpicos [1996].
- O que aconteceu?
-Na altura, havia várias propostas para rumar ao estrangeiro e o Sporting queria renovar um contrato para seis ou oito anos, como fizeram com o Afonso Martins. Nas negociações, reuni-me com o doutor Simões de Almeida e não chegámos a acordo. Aconteceu que a mim, e também ao Peixe, deram-nos mais quinze dias de férias e já não fizemos a pré-época, em Lamego, com o treinador Otávio Machado. Quando nos apresentámos ao clube não nos deixaram entrar nas instalações. Não havia ninguém para nos receber e, a partir daí, metemos a rescisão por justa causa.
“NO SPORTING VIVI QUATRO FANTÁSTICOS ANOS”
- Houve entendimento entre clubes?
-Fui com o Peixe para o FC Porto e o Bino e o Rui Jorge vieram para o Sporting. Os clubes entenderam-se e foi a partir dessa altura que começou a haver abertura para transferências entre ‘rivais’.
- O que falha no Sporting na luta pelo título?
-É um clube em que passei quatro anos fantásticos. Claro que não foram só coisas boas. É um clube diferente, especial. Infelizmente, quando as coisas estão a correr bem, há sempre algo que vem para atrapalhar, alguém que vem criar certos conflitos internos.
- E quanto ao FC Porto?
-Passei no FC Porto cerca de um ano e três meses. Assinei um contrato de quatro anos e foi uma experiência fantástica. O FC Porto é um grande clube a nível europeu e mundial. Tem uma estrutura muito organizada e com princípios. Logicamente, isso leva muito ao sucesso. Na altura, além de a equipa ter muitos jogadores da formação, como o Jorge Costa, Secretário e outros, também tinha jogadores que haviam tido experiência no estrangeiro, como o Rui Barros ou o Vítor Baía. Em termos de tempo de jogo já não foi o que esperava, já que fui habituado sempre a jogar. Passado um ano, depois de ser tetracampeão, decidi que queria sair porque tinha vontade de continuar a jogar. Tinha mais dois anos e meio de contrato, mas abdiquei de tudo para poder voltar a jogar. Fui para o Tenerife, em Espanha.
- Foi uma boa experiência?
-Cheguei à equipa quando estava há um mês sem treinar. O treinador queria dar-me a titularidade, mas lesionei-me com gravidade no joelho. Estive mês e meio em recuperação e voltei. Esperei pelo meu momento e ainda fiz vários jogos. Decidi voltar para Portugal no ano seguinte porque o Manuel José, que foi o treinador que me lançou nos seniores do Boavista, insistiu para me levar para o Leiria, onde estive seis anos. Tivemos muitas dificuldades, andámos com a casa às costas, mas foi um clube em que adorei jogar.
- Qual é a sua atual realidade?
-Tenho a minha academia de formação de futebol, a Costifoot, criada em 2011. No final do ano passado, criei a Aktiv Sports Management, uma empresa de marketing e gestão desportiva. Também fazemos agenciamento de jogadores, publicidade, equipamentos desportivos…
Enfim, tudo o que esteja relacionado com o desporto.
- Quando decidiu avançar com esses projetos?
-Ainda jogava no Belenenses e já tinha este objetivo. Defini que queria estar ligado ao futebol pela formação de jovens, pela oportunidade de ensinar tudo aquilo que aprendi de bom neste meio. É uma forma de os ajudar a alcançar os seus próprios objetivos, principalmente aqueles que querem chegar a profissionais de futebol. Para isso, têm de seguir os bons caminhos, regras e princípios… porque o futebol não tem só partes boas, também tem más.n