Sem Natal é uma festa
Segue de vento em popa a conspiração internacional para entregar o título de campeão de 2020/2021 ao Sporting Clube de Portugal, o corrente líder da grande prova interna do calendário desportivo nacional. Observadores atentos, desapaixonados com pendor científico, já estabeleceram os seus diagnósticos e concluíram que, nas últimas e largas estações futebolísticas, o emblema do leão de Alvalade não conheceu melhor vida do que esta que leva agora desde que o vírus do Covid-19 se instalou para deixar tudo e todos de pernas para o ar face à anormalidade imposta pelas medidas de restrição à velha vida em comum e pelos confinamentos reinantes em Portugal e no mundo inteiro.
A verdade, nua, crua e sem tosse, é que o Sporting de Rúben Amorim não tem razões de queixa da pandemia. E não só não tem razões de queixa como é o rei daquilo a que se convencionou chamar o novo normal. Se quisermos desenhar uma tabela classificativa do campeonato do Covid, englobando os 17 jogos da Liga que já se disputaram desde março até hoje em regime viral, o Sporting é também o líder isolado dessa competição com 2 pontos de avanço sobre o FC Porto e 4 pontos à maior sobre o seu rival Benfica. O novo normal é, portanto, o reino do leão. Como se não bastassem as provas dadas no campeonato veio esta semana a Taça de Portugal confirmar todas as suspeitas. Desde 1986 que o Sporting não aplicava um resultado de 7-1 sobre um adversário equipado de vermelho. Se há 34 anos houve quem, na comunidade científica, apontasse para o desastre nuclear de Chernobil como o fenómeno que permitiu esses raríssimos 7-1 celebrados frente ao Benfica, os mesmos inóspitos 7-1 aplicados na segunda-feira ao
SPORTING SER CAMPEÃO
Sacavenense não podem ter outra explicação que não seja a pandemia de 2020.
No nosso país, por estes dias, o vírus trabalha sem se cansar em prol do Sporting, enquanto os nossos governantes e os nossos médicos conspiram despudoradamente para entregar a Amorim e aos seus rapazes o título de campeões nacionais. E porquê? Ora, porque vão “cancelar” o Natal. Esse período de festas que vem sendo a besta negra do Sporting, a data limite para as suas proezas em campo, a fronteira entre a esperança e a desolação, vai ser este ano suspenso, revogado e liminarmente abolido a ver se a curva achata e se o Sporting é, finalmente, campeão. Francisco Antunes, professor no Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina de Lisboa, já disse que este ano “não haverá condições” para um Natal igual aos outros. “Precisamos de esquecer este Natal”, afirmou um dia destes sem, provavelmente, ter noção da onda de euforia que as suas palavras lançaram em Alvalade. Quanto aos rivais do Sporting, descoroçoados, pois vão ter de esperar pela vacina.n