Correio da Manha - CM Sport

JORGE FONSECA “Ser campeão olímpico é objetivo”

- SARA GUTERRES TEXTO

“TENHO O SONHO DE VIR A SER POLÍCIA”

Correio Sport - Como surgiu o judo na sua vida?

Jorge Fonseca - Eu andava na escola Pedro D’Orey da Cunha, na Damaia, e todos os dias ia ver o treino de judo. Ficava a espreitar pela janela, num ginásio que ficava ali perto. Era o Pedro Soares o treinador e ele via-me todos os dias a espreitar. Um dia convidou-me para treinar. Comecei a treinar e gostei, até me tornar atleta profission­al. Tinha 14 anos quando comecei. - Foi influencia­do por quem?

- Sem dúvida nenhuma pelo meu treinador, Pedro Soares. Foi ele que viu em mim grandes capacidade­s e muito potencial para ser um grande judoca. Nós não nos conhecíamo­s antes das minhas aparições à janela do ginásio dele. Mas tantas vezes me viu lá que um dia me convidou para treinar. E foi ele que depois me trouxe para o Sporting. - Tornou-se o primeiro judoca português a conquistar um título mundial. O que é que isso significa para si e para a sua família? - Para mim significa responsabi­lidade, muita dedicação, muitas horas nos tapetes, muitas horas a treinar com um objetivo em mente. Para a minha família, é um orgulho enorme ter um campeão do Mundo em casa. Não é normal ter um campeão do Mundo em casa. Para mim, é também um grande orgulho, que traz mais responsabi­lidade, obriga-me a ser cada vez melhor. - Tem ideia de quantas horas teve de trabalhar para chegar ao título mundial? - Foram muitas horas. Não sei exatamente quantas foram, mas tenho a certeza de que foram muitas horas. Muito sacrifício. Foram muitas horas dentro do tapete, muitas horas no ginásio e muitas horas a pensar na competição. - Quem foi mais importante no caminho para o título mundial? - Tenho de destacar duas pessoas nessa caminhada. O meu treinador, Pedro Soares, e o Dr. Passarinho, que me ajudou bastante durante o meu problema de saúde. - Depois de se ter sagrado campeão do Mundo, sentiu que os adversário­s começaram a olhar para si de forma diferente? - Os adversário­s sempre me olharam de forma diferente, mas sim, posso dizer que agora têm mais respeito, por ser campeão do Mundo. Mas isso a mim não me diz quase nada. Eu chego sempre ao tapete com o pensamento na conquista. Como tal, o que os adversário­s pensam de mim é-me indiferent­e. - O que é que lhe falta enquanto judoca?

- Faltam-me duas coisas: ser campeão olímpico e ser campeão da Europa a nível individual. Já fui bicampeão europeu pelo Sporting, fui campeão da Europa de juniores e sub-23 e agora falta-me o Campeonato da Europa de seniores. Fui bronze há pouco tempo. Falta-me o ouro.

- Ser campeão olímpico em Tóquio é o grande objetivo?

- Sim. Sem dúvida. Ser campeão olímpico no país do judo. Foi lá que conquistei o campeonato do Mundo e falta agora ser campeão olímpico. Seria o auge da minha carreira de judoca. Ser o único português a ser campeão do Mundo e campeão olímpico. Seria algo perfeito para mim. Na terra onde nasceu o judo. É um sonho que quero realizar.

- Tem mantido o mesmo nível de treino desde que se sagrou campeão do Mundo ou houve alguma mudança?

- Mudei bastante. Aumentei muito a intensidad­e do treino. Tenho como objetivo ser campeão olímpico. Trabalho de forma diferente. Tenho uma equi

pa que me ajuda bastante em vários aspetos do meu treino. Reconheço que a responsabi­lidade que veio após o título mundial me fez ser ainda mais exigente com a forma como encaro a minha preparação.

- Como tem sido treinar em tempos de pandemia? O que mudou?

- Tivemos de ser criativos. Aproveitei para trabalhar a minha condição física. Fiz boxe. Depois do confinamen­to, mas ainda com restrições, aproveitei também para estar mais tempo só com o meu treinador. A situação não era ideal, mas foi uma oportunida­de para sermos criativos e trabalhar outros aspetos que se calhar não trabalhari­a em condições normais. Tive de reinventar para não parar completame­nte.

- Superou um cancro. Como foi lidar com essa situação?

- Posso dizer que foi o momento mais difícil da minha carreira.

Surgiu num momento em que me sentia no auge, estava a começar a minha carreira de judoca profission­al. Foram dias difíceis quando me foi diagnostic­ado o cancro. Mas superei isso. Graças a Deus correu tudo bem. Tive a sorte de estar rodeado de pessoas ótimas, que me ajudaram bastante. Os médicos, o meu treinador, os meus familiares. Foi aqui que entrou o Dr. Manuel Passarinho. Foi uma pessoa muito importante nesta fase da minha vida, tenho muito que lhe agradecer.

- Quantas horas treina por dia? - Neste momento estou a treinar três horas de manhã e mais três à tarde. Entre o tapete, a fazer judo, e o ginásio, são cerca de seis horas diárias. Ora faço trabalho de musculação de manhã e judo à tarde, ora faço ao contrário: judo de manhã e ginásio de tarde. (Leia a entrevista na íntegra em www.cmjornal.pt).n

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