AGORA É QUE VAI SER, TALVEZ

Logo a seguir às juras que lhe fez, foi enrolar-se com o António Costa

Estimado Dr. Pedro Santana Lopes, Ou talvez melhor Santana... ou só Pedro... Bem,conformesesentirmaisconfortávelou

como pretender. A última coisa que eu quero é que amue ao ler esta carta. Já o vi a abandonar em direto uma entrevista televisiva por muito menos. E agora vejo-o a sair de um partido… Sei bem que consigo não se brinca.

Pois cá recebi a sua missiva que, diga-se de passagem, eu já aguardava há alguns anos. Isto só vem provar que os atrasos dos CTT são mesmo verdade. Uma maçada. Não adianta nada uma pessoa anunciar que vai fazer isto ou aquilo se a notícia só nos chega umas décadas mais tarde. Veja o seu caso.

Mas pronto, o doutor lá consumou agora a separação do seu PPD/PSD. De facto, eu já estava a estranhar, eram muitos anos para uma relação sua durar. Foi com certeza um record. No entanto, fiquei com a ideia que a zanga foi mesmo com o Dr. Rio com quem o Dr. Santana fez a festa de noivado no nosso último glorioso congresso. Eu estava lá e vi que só faltou mesmo entrelaçarem as taças de champagne e darem o beijinho.

O que também me espantou foi o doutor ter anunciado a sua saída do partido com uma carta aos militantes. Sempre pensei que o ia fazer através das páginas da ‘Caras’ ou da ‘Lux’. É bem verdade que o Dr. Santana tem o condão de nos estar sempre a surpreender!

Mas na realidade, o doutor tem razão. O Dr. Rio mostrou que não é flor que se cheire. Logo a seguir às juras de amor que lhe fez, foi enrolar-se com o António Costa e, a si, meteu-lhe um par de… acordos com os socialistas. Uma traição! Afinal havia outro!

Também percebi nas entrelinhas da sua carta que na sua ideia não está uma separação absoluta e definitiva. Fez as malas, despediu-se, disse que se vai mudar para uma casa só sua, mas quer manter a ligação. Quem sabe, um dia, na roleta da política, não vai ter uma amizade colorida com o seu ex-partido, um flirt governativo, um ‘ménage à trois’ que também meta o CDS…

É por estas e por outras que o Dr. Santana irá andar sempre por aqui. E porque há esta possibilidade, não lhe posso cantar a música que certamente já lhe cantaram muitas vezes: “Por isso, sai, sai da minha vida/Vai, não te quero ver/Sai sem nenhum queixume /E leva o perfume da outra mulher”. No caso, não é outra mulher. É outro partido.

O que lhe posso dizer é que já estou com saudades das suas cantigas e das suas coreografias. O Dr. Santana tem, como diz a mi- nha senhora, ‘salero’. A sensação que tenho é que o PPD/PSD sem si é como o filme do King Kong sem o gorila. Vai faltar-lhe qualquer coisa. Mas quem sabe, se o meu partido continuar a ser este caldinho sem sal, se eu não me deixo encantar pela sua voz de veludo e os seus olhos de carneiro mal morto e voto em si para qualquer coisa. Um voto já tem: o da minha senhora .

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