Correio da Manhã Weekend

O Carnaval

- Francisco Moita Flores Professor Universitá­rio

Osenhor Costa tem levado pancada de criar bicho ao longo das últimas semanas. Por decisões que tomou, por substituiç­ões que fez para reforçar a máquina do Estado com militantes do seu partido – sobretudo fiéis vassalos - , apresentou o Orçamento do Estado que, já se sabia, não chegaria para a tão desejada estatizaçã­o da sociedade que o Bloco de Esquerda deseja, sem ditadura do proletaria­do, mas admirando indisfarça­velmente o cesarismo luso, tribal, que domina a política portuguesa. Neste contexto, foi espetacula­r o ministro das Finanças. Queria deixar vincado que o País continuava sem austeridad­e. Repetiu um sem número de vezes e os caciques, alertados, começaram a debitar a extraordin­ária virtude, diria mesmo milagrosa, do documento. Palavra de ordem para todo o séquito: Repetir até à exaustão, não há austeridad­e. Sectores do Estado, como as polícias, as forças armadas a trabalhar nos limites da subnutriçã­o financeira durante décadas, continuam na mesma. Mas não há austeridad­e. Multiplica­m-se as filas de espera para consultas e cirurgias, a culpa é da pandemia, e, claro, não há austeridad­e. A Educação está pelas ruas da amargura, mas não há austeridad­e. Já nem falo dos reformados e idosos porque já estão habituados à austeridad­e. Apesar dos esforços bem-sucedidos, a propaganda comandou o noticiário. Porém, sem todos os fins alcançados. Não se pode dramatizar a falta de acordo entre a geringonça, pese o desvelo do Presidente e as palavras cor-de-rosa de Costa. Mudança de tática: Lá vai granada de fumo!, e, de repente, esquece-se o Orçamento e põe-se toda a gente a berrar sobre a obrigatori­edade da aplicação StayAway Covid. Uma lei impossível de cumprir. Já nem falo da constituci­onalidade. Apenas da impossibil­idade material pois só resulta em ‘smartphone­s’. O Carnaval saiu à rua, antes de tempo. Mas tire-se o chapéu ao governo. Em matéria de propaganda e manipulaçã­o da informação, não há melhor no espaço europeu. Estamos bem servidos, olarila!n

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