O Carnaval
Osenhor Costa tem levado pancada de criar bicho ao longo das últimas semanas. Por decisões que tomou, por substituições que fez para reforçar a máquina do Estado com militantes do seu partido – sobretudo fiéis vassalos - , apresentou o Orçamento do Estado que, já se sabia, não chegaria para a tão desejada estatização da sociedade que o Bloco de Esquerda deseja, sem ditadura do proletariado, mas admirando indisfarçavelmente o cesarismo luso, tribal, que domina a política portuguesa. Neste contexto, foi espetacular o ministro das Finanças. Queria deixar vincado que o País continuava sem austeridade. Repetiu um sem número de vezes e os caciques, alertados, começaram a debitar a extraordinária virtude, diria mesmo milagrosa, do documento. Palavra de ordem para todo o séquito: Repetir até à exaustão, não há austeridade. Sectores do Estado, como as polícias, as forças armadas a trabalhar nos limites da subnutrição financeira durante décadas, continuam na mesma. Mas não há austeridade. Multiplicam-se as filas de espera para consultas e cirurgias, a culpa é da pandemia, e, claro, não há austeridade. A Educação está pelas ruas da amargura, mas não há austeridade. Já nem falo dos reformados e idosos porque já estão habituados à austeridade. Apesar dos esforços bem-sucedidos, a propaganda comandou o noticiário. Porém, sem todos os fins alcançados. Não se pode dramatizar a falta de acordo entre a geringonça, pese o desvelo do Presidente e as palavras cor-de-rosa de Costa. Mudança de tática: Lá vai granada de fumo!, e, de repente, esquece-se o Orçamento e põe-se toda a gente a berrar sobre a obrigatoriedade da aplicação StayAway Covid. Uma lei impossível de cumprir. Já nem falo da constitucionalidade. Apenas da impossibilidade material pois só resulta em ‘smartphones’. O Carnaval saiu à rua, antes de tempo. Mas tire-se o chapéu ao governo. Em matéria de propaganda e manipulação da informação, não há melhor no espaço europeu. Estamos bem servidos, olarila!n