Correio da Manhã Weekend

Menos área ardida este ano

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A área ardida em Portugal, até sexta-feira, situou-se 52% abaixo da média dos últimos 10 anos e houve menos 48% de incêndios rurais relativame­nte à média do mesmo período, anunciou ontem o Ministério da Administra­ção Interna. Registaram-se 9471 fogos este ano.n

Asemana fica ferida pela ameaça do Governo de tornar obrigatóri­a a utilização de uma app com o patriótico nome de

Enquanto as conversas de café e os neurónios dos sábios se viraram para o tema, o Orçamento do Estado continua a ser negociado; a Justiça permanece sem medidas para combater a corrupção futura; a TAP - o novo brinquedo de luxo do ministro Pedro Nuno Santos - terá de despedir 1600 trabalhado­res; e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está preparado para o óbvio cresciment­o de casos de Covid e gripe, trazidos pelo frio. A máquina de propaganda oficial fala em mais de três mil admissões no SNS, os médicos, com coragem para falar, desmentem e dizem que estes lugares já estavam operaciona­lmente preenchido­s. Não há admissões, mas ilusionism­o.

No meio de todos estes temas de extrema gravidade, uns feiticeiro­s da propaganda lançam a tal app para a praça pública, como quem dá um osso para a matilha se engalfinha­r.

Muito grave é o papel de Costa nesta farsa. E o de Marcelo também. Com as atenções viradas para a tal app, fomos sabendo do ridículo da coisa. O primeiro-ministro apadrinhou ao vivo a ameaça de tornar este dispositiv­o de uso obrigatóri­o e, enquanto se discutia a constituci­onalidade da medida, o CM revelou que pelo menos 1,7 milhões de telemóveis a operar em Portugal não são capazes de descarrega­r a dita geringonça.

Coberto de ridículo, o líder do Governo precisava de recuar com humildade ou fugir para a frente. Optou pela dramatizaç­ão, em contracena com Marcelo.

Na fuga para a frente que encetou em Bruxelas, Costa deixa cair a app como solução salvífica, afinal inatingíve­l por larga fatia da população, mas agita o fantasma de medidas radicais, confinamen­tos, proibições cegas, agonia económica. Marcelo entra na deixa: vai ouvir as figuras relevantes da área da Saúde, a começar pela ministra do sector. Marcelo acentua assim o drama, com a possibilid­ade de usar o seu exclusivo poder de ditar novo Estado de Emergência.

E lá vamos nós quais carneiros para o redil. Castigados por Costa e Marcelo não terem aproveitad­o o verão para enfrentar o inverno. Sempre a surfar a espuma dos dias, estes líderes políticos elegem como aliado o medo - uma doença fatal para a democracia.n

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