Correio da Manhã Weekend

ESTADO PAGA 190 MIL EUROS À COMPANHEIR­A DO MILITAR QUE MORREU NUM ACIDENTE EM 2007.

TRAGÉDIA Rui Barbosa, de 25 anos, perdeu a vida após despiste em 2007. Colega também morreu DECISÃO Companheir­a e filha do guarda indemnizad­as. Menina nunca chegou a conhecer o pai

- ANA ISABEL FONSECA

Treze anos depois do acidente, o Estado português foi condenado a pagar uma indemnizaç­ão de 190 mil euros à companheir­a e à filha de Rui Barbosa, um dos dois militares da GNR que perderam a vida em 2007 num acidente de serviço em Grândola. A companheir­a do soldado estava grávida de seis meses, pelo que a menina agora indemnizad­a nunca chegou a conhecer o pai.

A decisão é do Tribunal Central Administra­tivo (TCA) do Sul e dá conta de que quatro militares foram acionados a 15 de julho de 2007 para uma ocorrência em Troia. Foi após ultrapassa­r duas viaturas que o jipe da GNR - que seguia em marcha de urgência - entrou em despiste numa zona onde o piso era irregular e estava gasto. Todos os militares ficaram feridos e três deles foram projetados para a estrada. O soldado Rui Barbosa, de 25 anos, morreu, bem como o cabo Edgar Dâmaso, de 33. “Embora a dor não tenha preço, importa sobretudo que a correspond­ente indemnizaç­ão deva por si própria significar algo que permita compensar a perda e minorar a dor sofrida (...) quer porque a vida é o bem maior da pessoa humana, quer porque à data do acidente o falecido era um homem novo,

Compensaçã­o atribuída

O Governo tinha já atribuído uma compensaçã­o especial por morte em 2011 à filha e à companheir­a do guarda. Receberam cerca de 100 mil euros.

Valor não pode ser irrisório O TCA do Sul diz que o valor da indemnizaç­ão não pode ser irrisório pois tem de demonstrar a intensidad­e da dor, da angústia e do desgosto sentido pelos familiares.

Os juízes salientam que o militar era uma pessoa muito querida e ligada à família. Era ainda dedicado ao trabalho. com enorme alegria de viver”, dizem os juízes.

Na primeira instância, a indemnizaç­ão tinha sido fixada em 110 mil euros. A companheir­a e a filha não se conformara­m, no entanto, com o facto de não ter sido atribuído qualquer valor pelo direito à vida. Foi-lhes dada razão e a indemnizaç­ão aumentada em 80 mil euros.

A decisão diz que o soldado era natural do Pinhão, mas partilhava casa com a companheir­a na Maia. Tinha sido colocado, pouco antes do acidente, no posto da GNR da Comporta. A tragédia deixou a família devastada, sendo que a filha sente-se revoltada com a morte do pai. A menina nasceu três meses após o acidente mortal.n

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal