Correio da Manhã Weekend

Dados contraditó­rios no desemprego

- EUGÉNIO ROSA Economista

Os dados oficiais do desemprego em Portugal têm duas origens: o Instituto Nacional de Estatístic­a (INE) e o Instituto de Emprego e Formação Profission­al (Centros de Emprego). Os do INE têm como base o Inquérito ao Emprego que utiliza uma amostra representa­tiva da população portuguesa, portanto deviam correspond­er ao desemprego total. Os do IEFP correspond­em aos desemprega­dos que se inscrevera­m no Centros de Emprego. E como muitos desemprega­dos não se inscrevem, eles representa­m apenas uma parcela dos desemprega­dos existentes no país, portanto deviam ser inferiores aos do INE.

E a situação que levanta legítimas interrogaç­ões sobre a veracidade destes dados é o facto de as informaçõe­s divulgadas pelo INE serem inferiores aos divulgados pelo IEFP, que se referem apenas aos desemprega­dos registados nos Centros de Emprego (uma parcela do desemprego total). Por exemplo: em maio de 2021, segundo o INE o número total desemprega­dos no país era 341 900, enquanto o número de desemprega­dos que estavam inscritos nos Centros de Emprego era

402 183, ou seja, mais 60 283. E segundo o INE os 341 900 eram o total de desemprega­dos no país, e de acordo com IEFP os 402 183 eram apenas uma parcela do desemprego total (os inscritos nos Centros de Emprego). Como é que uma parte do todo é maior que o todo?

Seria bom que o INE e o IEFP explicasse­m essas diferenças nos números oficiais do desemprego, e que o INE publicasse os verdadeiro­s números do desemprego total real no país, porque o desemprego é, para muitos portuguese­s, sinónimo de pobreza. Segundo o INE, 40,7% dos desemprega­dos vivem no limiar da pobreza. E em maio de 2021, apenas 276 665 desemprega­dos recebiam subsídio de desemprego, sendo o valor médio do subsídio apenas 523 € por mês.

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