EX-DOCE TROCA TEATRO PELO CAMPO
AFASTADA DA CENA MUSICAL, A ARTISTA FALA SOBRE A SUA NOVA VIDA LONGE DOS PALCOS E DA ATUAL RELAÇÃO COM AS COLEGAS DE BANDA: “SÃO VIDAS DIFERENTES”
Lena Coelho, integrante das Doce, ficou muito emocionada com a estreia do filme ‘Bem Bom’, que revisita as memórias mais marcantes do grupo, expondo alguns dos dramas que viveram nos bastidores. A artista oferece os seus aplausos à realizadora Patrícia Sequeira, destacando que este projeto chegou em boa hora.“Ao fim de tantos adiamentos pela Covid-19, e ao fim de tantos anos, alguém se lembrou de nos fazer uma homenagem e de nos dar o devido valor. Merecemos tudo o que possa acontecer. Fomos tão injustiçadas, maltratadas, tão pouco compreendidas. As pessoas não perceberam os sacrifícios a nível pessoal e profissional que fizemos”, destacou a bomba sensual do grupo feminino, que ficou surpreendida pelo desempenho de Carolina Carvalho. “Fez um trabalho espetacular, tal como todas as meninas. Revi-me completamente. Eu acho até que foi um bocadinho comedida. Eu era muito rebelde. Sempre fui de dizer o que penso”, lembrou acerca dos tempos áureos das Doce, que viveram momentos duros, quer pelos preconceitos da época anos 80 - associados às mulheres, como pelos dramas pessoais que enfrentaram para manter o projeto de pé. Lena confessou no passado ter feito três abortos para continuar na banda, que terminou em 1987 depois de oito anos de união.
LÁGRIMAS E MUDANÇA
O filme ‘Bem Bom’ retrata um momento mais difícil para antiga Doce Lena Coelho: a morte da mãe, a fadista Helena Tavares. Na tela, a progenitora morre no dia em que a filha sobe pela primeira vez ao palco do ‘Festival da Canção’, em 1980. No entanto, o momen
“AS PESSOAS NÃO PERCEBERAM OS SACRIFÍCIOS A NÍVEL PESSOAL QUE FIZEMOS”
to foi ficcionado. “Não foi mesmo assim, mas foi parecido. A minha mãe estava praticamente a falecer quando estava em palco. Ajustou-se o acontecimento. Fez-me lembrar tudo. Foi duro. Fartei-me de chorar”, destacou.
A artista revelou-se grata às argumentistas do filme - Cucha Cavalheiro, Filipa Martins e Patrícia Sequeira por terem explorado as suas origens: o percurso do pai Carlos Coelho e da mãe Helena Tavares. “Este filme deu-me o gosto de ver a minha mãe. Vê-la representada foi muito emocionante.”
Volvidos mais de três décadas após o término das Doce, Lena Coelho dedicou-se a outros projetos. Teve ainda uma banda durante dois anos, que terminou para se dedicar à sua grande paixão: o Teatro. Criou ainda a versão infantil do grupo feminino, as ‘Docemania’, mas acabou por retirar-se em definitivo da cena musical.“Neste momento, sou mãe, dona de casa. Tenho uma família fantástica. Os filhos, que adoro. Um marido maravilhoso. Estou rodeada de gente boa. Vivo no campo. Afastei-me de tudo e sou uma mulher feliz.”
Sobre a ligação com as restantes integrantes das Doce - Fátima Padinha, Laura Diogo e Teresa Miguel - a artista lamenta o pouco contacto. “É como os amigos que fazemos na escola, gostamos imenso e vão ficar para vida. No nosso caso, seguimos vidas completamente diferentes. A Laura está na Califórnia, muito bem estabelecida. A Fá seguiu outro rumo. A Teresa continuou na cena artística, mas numa área diferente da minha. São vidas diferentes”. No entanto, Lena acredita que vai sempre haver um sentimento especial.“Vamos ter a ligação das Doce que nos vai unir para sempre.”