Cartão vermelho
Chegou o tempo em que não é mais possível tapar o sol com uma peneira. Que os discursos, os enfados, a retórica tonitruante já não conseguem dissimular a preguiça, a inércia, o deixa andar ou andar devagarinho, que a realidade vai desnudando um pouco por todo o lado.
Os incêndios brutais na Grécia, na Turquia, na Califórnia. Os nevões a cobrir parte do Brasil, do Chile e do Peru. As trágicas inundações na Alemanha, nos Estados Unidos, na Bélgica, o desequilíbrio crescente dos ecossistemas, a que se soma o degelo das calotes polares e a seca que vai matando o continente africano, produzindo centenas de milhares de imigrantes que procuram na Europa o seu refúgio, as enchentes na China e no Japão são sinais tão evidentes da doença do clima que chegou o tempo de mostrar o cartão vermelho às potências industriais que dizimam o Planeta. Particularmente à China, aos Estados Unidos, Índia, Rússia, Reino Unido, Alemanha, Irão, que no conjunto atiram para a atmosfera praticamente dois terços de substâncias poluentes.
É certo que estamos em face de um desafio que é global. Que todos os países devem contribuir para salvar os homens. E digo os homens porque no dia em que não for possível a vida humana, o planeta Terra continuará a girar à volta do sol. Dilui-se no universo das preocupações a palavra de ordem tantas vezes repetida ; ‘Vamos Salvar o Planeta Terra’.
É falso e de tal modo generalista que se torna pouco estimulante para os menos despertos para este imenso desafio.
Seria mais assertivo, se tivéssemos a consciência de que este combate se destina a salvar a Vida de todos quantos vivem na Terra. Os homens, os animais, as plantas, os rios e os mares.
Começa a ser tarde. O dever de servidão aos países poderosos deixa o resto do mundo submetido à dinâmica do implacável suicídio colectivo, ainda que não desejado.n
O DEVER DE SERVIDÃO DOS PODEROSOS DEIXA O RESTO DO MUNDO SUJEITO AO SUICÍDIO COLECTIVO