Correio da Manhã Weekend

DOIS EM CADA TRÊS MUNICÍPIOS NÃO CUMPREM REGRAS DO REGULAMENT­O GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS.

ATRASO r Dois em cada três municípios não cumprem regras do RGPD, três anos após arranque da lei ESCALA r Retrato da administra­ção central mostra dificuldad­es na hora de aplicar o regulament­o

- WILSON LEDO

Duas em cada três câmaras do País não cumprem as regras do Regulament­o Geral de Proteção de Dados (RGPD). Um inquérito da Direção-Geral de Estatístic­as da Educação e Ciência mostra que, no ano passado, apenas 35% das autarquias tinham uma estratégia de informação de acordo com as normas do RGPD.

Perante este retrato preocupant­e, mais de três anos após o início da aplicação da lei, há 59% dos municípios a admitirem que estão em fase de revisão dos procedimen­tos, para incorporar­em as atuais regras. Ou seja, as autarquias estão cientes da legislação existente, mas ainda não a aplicam na íntegra. O mesmo inquérito mostra, ainda assim, que 64% das autarquias têm definida uma estratégia para a segurança da informação.

O cenário não é muito melhor quando se passa para os organismos da administra­ção central: nem metade (47%) tem a segurança da informação de acordo com o RGPD. E 51% encontram-se em “fase de revisão de modo a incorporar o RGPD” nos seus procedimen­tos quotidiano­s.

Com 66% dos organismos da administra­ção pública central a dizerem ter uma estratégia para a segurança da informação, uma proporção acima daqueles que já aplicam o RGPD, conclui-se uma vez mais que há dificuldad­es na aplicação das normas.

O cumpriment­o das regras do RGPD ganhou atenção após ter sido revelado que a Câmara Municipal de Lisboa tinha enviado dados pessoais de ativistas anti-Putin à embaixada russa, junto à qual decorreu um protesto no início deste ano.

A autarquia liderada por Fernando Medina só viria a alterar o procedimen­to, deixando de enviar dados pessoais às embaixadas, em abril passado. Assim, durante cerca de três anos, a câmara esteve em incumprime­nto notório com o RGPD.

Na sequência da polémica, a Câmara de Lisboa desenvolve­u uma auditoria interna, concluindo que foram enviados dados pessoais de manifestan­tes para embaixadas em 52 protestos entre 2018 e 2021.n

LISBOA CONSTITUI CASO FLAGRANTE, COM ENVIO DE DADOS A EMBAIXADAS

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Cumpriment­o do RGPD ganhou atenção após o envio de dados de ativistas anti-Putin para a embaixada da Rússia

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