Corrida aos remédios para melhorar sexo
DADOS Portugueses compram cerca de 1890 embalagens de medicamentos para a disfunção erétil por dia QUEIXAS São muito poucos os que reclamam que os fármacos não produzem o efeito pretendido
Entre 2018 e 2020 foram vendidas em Portugal mais de dois milhões de embalagens de medicamentos contra a disfunção erétil (cerca de 1890 caixas por dia). Dos 2 063 923 embalagens foram relatadas 96 reações adversas, em 39 consumidores, mas a maioria das queixas prende-se com a “ineficácia” do fármaco. Os dados são da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), que esclarece que “foram considerados para esta análise os medicamentos alprostadilo, sildenafil, tadalafil e vardenafil”. Os utilizadores queixosos relataram também “disúria” (dificuldade ou dor ao urinar), “mal-estar geral” e “tontura”, todos efeitos secundários registados “dentro da frequência esperada e prevista no resumo das características do medicamento/folheto informativo para cada um dos fármacos”, garante o Infarmed.
Ao CM, o urologista Rui Sousa diz que o número de queixas é
“insignificante” e que a ineficácia “nem sequer pode ser classificada como reação adversa”.
“Se o medicamento não funciona é porque se calhar foi prescrita a droga errada, para a pessoa errada, nascondições erradas”, diz o especialista, acrescentando que tomar medicação contra a disfunção erétil “não é como tomar aspirina”.
“Chegam-me ao consultório pessoas que vêm comunicar um problema e procurar solução. E esta não é igual para todos, nem se resume à prescrição de um único fármaco. O tratamento depende de muitos fatores e tem de ser personalizado.”n
QUEIXAS DA MEDICAÇÃO SÃO “INSIGNIFICANTES”, GARANTE ESPECIALISTA