As reformas de Costa
Na dócil entrevista publicada no ‘Expresso’, António Costa enumera os ministérios com maior crescimento orçamental em 2022. Ciência, Educação, Saúde, Administração Interna e Cultura. Todos, garante, com aumentos de dotação acima dos 1,2%.
A par de Marcelo, Costa já tem um lugar na História por ser o governante que manteve o País à tona nesta longa pandemia. Mas, se quiser sair de mera nota de rodapé no relato do tsunami viral, terá de mostrar a ousadia de passar das palavras às políticas na reforma estrutural do Estado.
Portugal precisa com urgência de um choque modernizador na Educação e na Saúde. Também toda a máquina do Estado urge ser renovada (os parques informáticos estão uma vergonha, em especial na Justiça, mas também na Saúde).
A modernização do aparelho do Estado precisa de incidir nos equipamentos tecnológicos e nas pessoas. É necessário um plano ousado de reformas antecipadas, sem perda de direitos, para a nossa envelhecida Função Pública, que assim abrirá espaço a uma nova geração de quadros. Esta renovação estava prevista no excelente plano estratégico gizado por António Costa Silva, mas desapareceu do discurso de António Costa. O ensino público não poderá retomar a qualidade sem esta renovação geracional.
Na Saúde, o maior problema está na atratividade da carreira pública, e na incapacidade de impor a retenção no domínio público de quadros especializados com custo de formação, per capita, de centenas de milhares de euros. É necessário que os novos médicos devolvam parte do investimento feito pela comunidade, antes de rumarem ao setor privado ou ao estrangeiro.
Terá Costa e os seus flébeis ministros capacidade para responder ao que urge? Aguardemos.n
É NECESSÁRIO UM PLANO OUSADO DE REFORMAS ANTECIPADAS