Caçar terroristas
Em 2001, ainda estavam frescos os ataques terroristas às Torres Gémeas e ao Pentágono, as cinzas ainda pairavam sobre Nova Iorque, aconteceram duras discussões sobre a forma de reagir à al-Qaeda. O mundo estava surpreendido, os Estados Unidos perplexos e em sofrimento. Pela primeira vez, na sua história, eram confrontados com um ataque externo. Contribuí para esse debate. A ideia de invadir o Afeganistão para destruir a organização terrorista era, para muitos, uma solução bizarra. Diz-nos a experiência e os anos de combate a grupos criminosos que não são exércitos que conseguem parar a sua atividade. Nunca o foram. As bombas estilhaçam os núcleos dirigentes. Fogem, escondem-se, vão para outros países e prendê-los ou matá-los torna-se num verdadeiro calvário.
Terroristas só podem ser caçados com trabalho de polícia. Com operações discretas, planeadas, recolhendo informação sobre identificações, paradeiros, armamento.
Com controle de comunicações, da mobilidade, com a ajuda de infiltrados, estabelecendo as relações entre os criminosos, hierarquias e localização. E muita paciência, muita determinação e inteligência. Depois se verá, quando chegar a hora, como entrar o exército, se houvesse necessidade, para a captura ou ataque às bases.
Esta lucidez era impossível em 2001. Quem assim pensava, foi varrido do mapa pela força beligerante dos falcões americanos. Inventaram-se todos os pretextos para fazer a Guerra Santa, o Afeganistão foi invadido e sabia-se que era uma derrota antecipada, pese a euforia dos falcões. A al-Qaeda pulverizou-se em vários grupos terroristas. Bin Laden foi encontrado graças a trabalho policial mas os núcleos mais radicais disseminaram-se por todo o mundo, o exército americano foi humilhado e os terroristas continuaram a espalhar terror na Europa, no Médio Oriente, em África. Citando um clássico, a força sem razão e a razão sem força, são desgraças terríveis.n
SABIA-SE EM 2001 QUE A INVASÃO DO AFEGANISTÃO ERA UMA DERROTA
ANTECIPADA