Correio da Manhã Weekend

ESQUEMA OCULTO LAVA 120 MILHÕES EM NOTAS

→ PLANO de ‘Zé das Medalhas’ escondeu fortunas do Fisco → CIRCUITO beneficiou políticos e empresário­s

- ANTÓNIO SÉRGIO AZENHA/ /MIGUEL CURADO

MAIOR REDE DE BRANQUEAME­NTO DE CAPITAIS EM PORTUGAL

Oesquema de branqueame­nto de capitais concebido por Francisco Canas, cambista conhecido como ‘Zé das Medalhas’ que faleceu em 2017, terá permitido a dezenas de clientes esconderem do Fisco cerca de 120 milhões de euros na Suíça. Os atos de lavagem desta fortuna terão sido praticados, segundo os autos do processo Monte Branco, entre abril de 2006 e maio de 2012. Entre os clientes de Canas, constam empresário­s, políticos e inúmeros cidadãos desconheci­dos.

O valor das verbas objeto de branqueame­nto, naquele período temporal, foi calculado pelo Ministério Público (MP), com base em documentos

OPERAÇÕES FORAM REALIZADAS ENTRE ABRIL DE 2006 E MAIO DE 2012

apreendido­s na Montenegro & Chaves, loja de câmbios de Canas na Baixa de Lisboa. Um desses documentos foi uma lista de todos os clientes que, entre abril de 2006 e maio de 2012, fizeram movimentos financeiro­s: nessa lista, constam os clientes que pretendera­m obter dinheiro vivo em Portugal, que estava escondido na Suíça, e os clientes que entregaram quantias em numerário a Canas, para este colocar em contas por eles controlada­s no estrangeir­o.

Canas criou um circuito financeiro que permitiu aos clientes concretiza­r o seguinte objetivo: o dinheiro era colocado na Suíça e regressava a Portugal, quando necessário, sem que os seus beneficiár­ios fossem identifica­dos. O esquema funcionava de forma simples e baseava-se muito em entregas em dinheiro vivo: quando queriam colocar fundos na Suíça, os clientes entregavam ao ‘Zé das Medalhas’ quantias em numerário, que este colocava na Suíça; quando os clientes precisavam em

CLIENTES ENTREGAVAM A CANAS E RECEBIAM DELE QUANTIAS EM NUMERÁRIO

Portugal de dinheiro que estava na Suíça, o cambista fazia-lhes também entregas em dinheiro (ver infografia).

A Akoya Asset Management, entidade suíça gestora de fortunas, colaborou também, segundo o MP, no esquema de Canas. Terá funcionado como angariador­a de clientes de Canas: os gestores da Akoya terão entregado a Canas quantias em dinheiro de clientes, a fim de o cambista colocar as verbas em contas na Suíça desses clientes. Na altura, Michel Canals, José Pinto e Nicolas Figueiredo eram gestores da Akoya.n

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