Os terroristas
Aderrota americana no Afeganistão, e dos seus aliados, abriu as portas a mais uma migração descontrolada. Mais uma entre muitas que, nos últimos anos, têm agitado África e o Médio Oriente e que transformaram o Mediterrâneo num imenso cemitério de horrores.
É neste contexto, e a poucos dias do aniversário da queda das Torres Gémeas em Nova Iorque, que em Portugal são detidos dois refugiados iraquianos por alegadamente pertencerem ao DAESH e estarem envolvidos em crimes contra a humanidade.
Um verdadeiro pitéu para os discursos securitários e xenófobos. Pegar na nuvem, transformá-la em Juno, e proclamar aos quatro ventos que é preciso parar com o acolhimento de refugiados pois são terroristas. Não é apenas um discurso fácil com adesão imediata, e acrítica, de muito boa gente. Porém, não faz sentido.
Em primeiro lugar, porque Portugal precisa de cidadãos não naturais como de pão para a boca, para sobreviver enquanto País. As quebras de natalidade, o envelhecimento, a ausência de políticas económicas que dinamizem grandes manchas do território nacional, encaminham-nos para o maior desastre demográfico e social de que há memória. Para a reposição dos saldos fisiológicos só há um caminho, que percorremos várias vezes durante os últimos dois séculos. Transformar migrantes em cidadãos nacionais, integrá-los no sistema produtivo e de serviços, multiplicar, desta forma, a força de trabalho que mingua para responder às reais necessidades do País.
É certo que em cada vaga de ‘ventres ao sol’ que vai chegando à Europa, há pontualmente terroristas infiltrados. O fundamentalismo vê infiéis em todos aqueles que não se sujeitam ao seu histerismo religioso. Seja qual for a religião e o país. Mas é para isso que servem as Polícias e os Serviços de Inteligência. Para os isolar e anular. Como foi agora no caso português.n
PORTUGAL PRECISA DE CIDADÃOS NÃO NATURAIS COMO DE PÃO PARA A BOCA,
PARA SOBREVIVER