Correio da Manhã Weekend

IMPRESSÃO DIGITAL Vinte anos depois

- Francisco Moita Flores Professor Universitá­rio

Éum dos romances mais lidos de Alexandre Dumas que dá título a esta crónica. Vem na sequência de outro livro célebre do mesmo autor, Os Três Mosqueteir­os.

Passemos à frente. Vinte anos depois, os três mosqueteir­os que se encontrara­m nas Lajes, nos Açores, que balanço fariam da sua decisão de semear a guerra no Afeganistã­o? Que saldo retirariam das contas, que então fizeram Bush, Barroso e Blair?

Vinte anos depois, o desastre vai muito para além da derrota americana e dos seus aliados, naquele país. A Europa que saíra do terrorismo politico lançado pela ETA, pelo IRA, pelas Brigadas Vermelhas, pelas FP25, assistiu ao regresso do pesadelo com maior violência. Londres, Manchester, Paris, Madrid, entre muitas outras cidades, serão lembradas como mártires do novo terrorismo. Primeiro da Al-Qaeda, depois do Daesh.

O terror espalhou-se pelo mundo árabe, da Indonésia até à Síria. Alastrou por África. Chegou à Nova Zelândia, deixando para trás um enorme rasto de sangue e morte. E um mundo mais inseguro.

Na verdade, com o atentado contra os Estados Unidos e com as respostas desabridas dos três mosqueteir­os, e seus aliados, vinte anos depois é natural concluir que não se exportam regimes para civilizaçõ­es diferentes, que a guerra não é solução contra o terrorismo, que foi apenas uma decisão política errada. Não reabilitou vítimas, não se fez justiça, e vários países ficaram mergulhado­s no caos. Vinte anos depois, só Portugal fica bem na foto herdada dos mosqueteir­os das Lajes. Não só fomos vítimas de nenhum atentado e até gozamos da graça do primeiro-ministro e Presidente da República serem fotografad­os em amena cavaqueira com terrorista­s do Daesh. n

VINTE ANOS DEPOIS,

O DESASTRE VAI MUITO PARA ALÉM DA DERROTA AMERICANA E DOS SEUS ALIADOS

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