IMPRESSÃO DIGITAL Vinte anos depois
Éum dos romances mais lidos de Alexandre Dumas que dá título a esta crónica. Vem na sequência de outro livro célebre do mesmo autor, Os Três Mosqueteiros.
Passemos à frente. Vinte anos depois, os três mosqueteiros que se encontraram nas Lajes, nos Açores, que balanço fariam da sua decisão de semear a guerra no Afeganistão? Que saldo retirariam das contas, que então fizeram Bush, Barroso e Blair?
Vinte anos depois, o desastre vai muito para além da derrota americana e dos seus aliados, naquele país. A Europa que saíra do terrorismo politico lançado pela ETA, pelo IRA, pelas Brigadas Vermelhas, pelas FP25, assistiu ao regresso do pesadelo com maior violência. Londres, Manchester, Paris, Madrid, entre muitas outras cidades, serão lembradas como mártires do novo terrorismo. Primeiro da Al-Qaeda, depois do Daesh.
O terror espalhou-se pelo mundo árabe, da Indonésia até à Síria. Alastrou por África. Chegou à Nova Zelândia, deixando para trás um enorme rasto de sangue e morte. E um mundo mais inseguro.
Na verdade, com o atentado contra os Estados Unidos e com as respostas desabridas dos três mosqueteiros, e seus aliados, vinte anos depois é natural concluir que não se exportam regimes para civilizações diferentes, que a guerra não é solução contra o terrorismo, que foi apenas uma decisão política errada. Não reabilitou vítimas, não se fez justiça, e vários países ficaram mergulhados no caos. Vinte anos depois, só Portugal fica bem na foto herdada dos mosqueteiros das Lajes. Não só fomos vítimas de nenhum atentado e até gozamos da graça do primeiro-ministro e Presidente da República serem fotografados em amena cavaqueira com terroristas do Daesh. n
VINTE ANOS DEPOIS,
O DESASTRE VAI MUITO PARA ALÉM DA DERROTA AMERICANA E DOS SEUS ALIADOS