Correio da Manhã Weekend

O REGRESSO DA INSPIRAÇÃO

A vontade de sempre fazer tudo de novo, demolindo saberes adquiridos, como princípio de exploração sónica

- POR ADOLFO LUXÚRIA CANIBAL ANTIGA ORTOGRAFIA

Surgidos há 20 anos, coma vaga de bandas em “the” e de revivalism­o post-punk desencadea­da pelos The Strokes, os Liarsfic aram sempre um poucoàmarg em

devido ao seu cariz mais experiment­al e exploratór­io. Formados em Nova Iorque por Angus Andrew e Aaron Hemphill, mostraram desde o primeiro álbum, ‘They Threw Us All in a Trench and Stuck a Monument on Top’ (2001), uma forte apetência pela electrónic­a e pelos sintetizad­ores, com os quais modulavam os seus modos mais crus herdeiros dos Gang of Four ou dos Delta 5. Esta vocação exploratór­ia acentua-se ao segundo álbum, ‘They Were Wrong, So We Drowned’ (2004), que conta já com Julian Gross, antigo colega de Angus Andrew no Instituto de Artes da Califórnia, em Los Angeles, antes da mudança para Nova Iorque: um conto de fadas, com relatos verídicos de julgamento­s de bruxas e histórias do folclore sobre bruxas, assente numa banda sonora atmosféric­a criada por instrument­os e estruturas harmónicas pouco usuais. Mas é ao terceiro álbum, ‘Drum’s Not Dead’ (2006), que os Liars, agora a viver em Berlim, assinam a sua obra-prima. É um disco em que a bateria, com os sons traficados electronic­amente das mais variadas formas,éoc entro criativo, completado por guitarras atmosféric­as e uma voz em falsete num ambiente etéreo de experiment­alismo electroacú­stico sem precedente­s. Este equilíbrio entre as guitarras e a electrónic­a é mantido no álbum seguinte, ‘Liars’ (2007), com a banda já sediada em Los Angeles, e que é outro ponto alto da sua criativida­de. Depois, houve uma viragem profunda para exploraçõe­s mais electrónic­as em ‘Sisterworl­d’ (2010), que se acentua em ‘WIXIW’ (2012) e ‘Mess’ (2014), último disco a contar com Julian Gross e Aaron Hemphill na formação. Reduzidos a Angus Andrew, os Liars gravam na Austrália os discos seguintes, ‘TFCF’ (2017) e ‘TWTWF’ (2018), como um díptico de despedida da fase sintética, e este ‘The Apple Drop’, o retorno a algo mais orgânico, novamente com guitarras e bateria e um som mais post-punk, e que é o seu melhor e mais apaixonant­e disco desde há muito tempo.

O melhor disco dos Liars desde há muito tempo

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“Depois da fase sintética, ‘The Apple Drop’ marca o retorno a algo mais orgânico, novamente com guitarras e bateria e um som mais post-punk. Apaixonant­e”
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