Correio da Manhã Weekend

Usam panfletos para vender tabaco ilegal

CRIME r Rede estava dividida em quatro grupos. Um deles publicitav­a serviços em caixa de correio ACUSAÇÃO r Catorze arguidos vão ser julgados por terem lesado o Estado em dois milhões de euros

- ANA ISABEL FONSECA

Oesquema de contraband­o de tabaco durou três anos e levou a que, em impostos, o Estado fosse lesado em dois milhões de euros. Os 14 suspeitos estavam divididos em quatro grupos, que atuavam em várias zonas do Norte. O negócio era habitualme­nte feito em estabeleci­mentos e casas, mas um dos grupos - que atuava na zona de São João da Madeira - chegou a colocar panfletos nas caixas de correio, onde anunciava a venda do produto ilegal e divulgava um contacto para encomendas. Também publicitav­a o negócio por email.

O esquema foi desmantela­do em 2017 e os arguidos vão ser julgados em outubro, no Tribunal de São João Novo, no Porto. Nove homens e cinco mulheres - que têm entre os 38 e os 81 anos -respondem pelos crimes de introdução fraudulent­a no consumo, fraude fiscal e branqueame­nto de capitais.

A acusação separa os factos pelos grupos: o de São João da Madeira, o de Vila do Conde, o do Grande Porto e o de Gondomar. Alguns dos suspeitos tinham um cuidado extremo ao telefone. Foram apanhados em escutas telefónica­s a usarem códigos para se referirem ao produto ilegal. ‘Croissants’, ‘iogurtes’, ‘gomas’, ‘rissóis’, ‘sacos’, ‘bolos’, ‘açúcar’ e ‘milho’ eram alguns dos termos usados.

Os arguidos recebiam folha de tabaco e depois procediam à produção dos cigarros. O grupo de Vila do Conde vendia num café e também num bazar. Já o do Grande Porto - liderado por uma mulher, que era a principal fornecedor­a dos restantes arguidos - tinha uma garagem, em Vila Nova de Gaia, e outra no Porto, onde o negócio era gerido. Os elementos deste grupo usavam carros alugados para distribuír­em o produto e não serem apanhados pelas autoridade­s. Na zona de Gondomar, o tabaco era vendido por uma idosa, de 81 anos, e pelo filho nas suas casas e também numa habitação devoluta. Os arguidos estão em liberdade.n

PRODUTO ERA REFERIDO COMO ‘BOLOS’, ‘GOMAS’ E ‘RISSÓIS’ NAS ESCUTAS

 ?? ?? Investigaç­ão esteve a cargo da Unidade de Ação Fiscal da GNR do Porto e os arguidos vão ser julgados em outubro, no Tribunal de São João Novo
Investigaç­ão esteve a cargo da Unidade de Ação Fiscal da GNR do Porto e os arguidos vão ser julgados em outubro, no Tribunal de São João Novo

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