Vistas curtas
Em dia de eleições locais, a reflexão que proponho é sobre aquelas que são, no curto prazo, as maiores ameaças globais. Em primeiro lugar, a pretensão do presidente da China, Xi Jinping, que planeia uma invasão global, através de um minucioso plano, o “Belt and Road”. A China constrói autoestradas no Paquistão, adquire portos marítimos na Europa, constrói o canal da Nicarágua (maior do que o canal do Panamá), aumentando a sua influência, de oriente a ocidente. A sua mais recente conquista é a ilha de Barbados, que em novembro abandonará a soberania britânica, tornando-se uma República com um acordo estratégico privilegiado com Pequim. Portugal constitui peça importante neste puzzle: por cá, os chineses dominam a Rede Eléctrica REN, a maior seguradora, a Fidelidade, ou até a maior construtora, a Mota-Engil.
Em segundo lugar, somos ainda invadidos – já não física, mas virtualmente - pelas tecnológicas, que já manipulam os nossos comportamentos. Bem recentemente, a Facebook, em parceria com a Ray-Ban, lançou um novo tipo de óculos que permitem telefonar, ouvir música, capturar imagens (foto e vídeo). O utilizador pode registar e partilhar nas redes tudo o que vê e ouve. A privacidade acabou, toda a nossa conduta será escrutinada.
A terceira grande ameaça é o domínio económico do mundo por governantes corruptos de países do Terceiro Mundo. Lideram países onde abundam riquezas naturais, que vão do petróleo de Angola ao cobre ou ferro no Cazaquistão, passando pelos diamantes na Serra Leoa ou a platina do Zimbabwe. Estas riquezas têm servido apenas para criar multimilionários cleptocratas, que transferem as suas fortunas para as grandes praças financeiras internacionais. Os donos de bancos na City de Londres ou das cotadas de Wall Street são hoje russos ou ucranianos. Os apartamentos mais luxuosos em Portugal pertencem a angolanos. Estes cleptocratas beneficiam da cumplicidade das elites ocidentais. A ponto de o corrupto líder do
Cazaquistão, Nazarbayev, ser convidado a discursar na Universidade de Cambridge e ter como consultor Tony Blair. Tempos difíceis se avizinham para o mundo. Em Portugal, acresce um problema tão grave como os que acima refiro: a classe dirigente não tem consciência de quais são os problemas do mundo.n
A CHINA CONSTRÓI AUTOESTRADAS NO PAQUISTÃO, ADQUIRE PORTOS MARÍTIMOS NA EUROPA [...] E ASSIM AUMENTA A SUA INFLUÊNCIA, DE ORIENTE A OCIDENTE
POR CÁ, OS CHINESES DOMINAM A REDE ELÉCTRICA REN, A MAIOR SEGURADORA, A FIDELIDADE, OU ATÉ A MAIOR CONSTRUTORA, A MOTA-ENGIL