Votar é uma arma
Depois de garantir que as eleições locais não devem ter leituras nacionais e que, por tal, em nenhuma circunstância seguiria o caminho de Guterres, António Costa mergulhou a fundo na campanha autárquica. Com tal energia que perdeu o fôlego nacional e raiou os limites do regular funcionamento das instituições.
Mas as eleições são locais. Hoje, podemos escolher a pessoa, equipa, projeto, que mais se aproxima do que achamos melhor para a terra onde vivemos. Não é o Governo quem vai a votos, são os candidatos de cada força política – ou grupo de cidadãos -, que, uma vez eleitos, terão de ser tratados com igualdade pelo poder central. Em muitos concelhos, inúmeros eleitores estarão a pensar como este vosso escriba: o mais certo será continuar o desrespeito pelas mais simples necessidades dos munícipes, que pagam IMI, água, taxas e taxinhas, e pouca eficácia recebem em troca.
Mas há sempre alguém que nos merece menor desconfiança. Mesmo sem entusiasmo, devemos votar.
Post Scriptum – Não basta o arrepiante labirinto onde as divergentes diplomacias europeias não encontram a saída que lhes cabe no embate entre as democracias e a ditadura chinesa, também os valores fundacionais do pós-guerra estão a desvanecer-se. É irónico que um líder catalão, Puigdemont, esteja retido em Itália. O país - que se unificou à luz do princípio ‘a cada Nação um Estado’, concebido, no sec. XIX, por Pasquale Mancini - prende agora um político, eleito pelos seus concidadãos, por defender que a sua inconfundível Catalunha tem direito a ser um Estado.n
MESMO SEM ENTUSIASMO, DEVEMOS
VOTAR