Correio da Manhã Weekend

Homem utilizou três facas para matar o pai

CASO r Esfaqueou seis vezes a vítima, de 64 anos, na casa que partilhava­m. Ligou à irmã e à GNR a confessar o crime MOTIVO r Homicida, de 32 anos, diz ter sido vítima de violência psicológic­a

- ANA SILVA MONTEIRO

Eu senti algo inexplicáv­el. Senti que era aquele o momento”. Foi desta maneira que Nuno Soares, de 32 anos, explicou em primeiro interrogat­ório judicial o que o levou a esfaquear seis vezes o pai, a 3 de março deste ano, na casa que partilhava­m na rua da Paz, em Caíde de Rei, Lousada. Depois de cometer o crime, o homem ligou a uma irmã e à GNR a confessar o crime. Abandonou de seguida a habitação, fechou a porta à chave e deixou o pai, de 64 anos, a agonizar no chão da cozinha. Morreu no hospital e o filho foi detido. Responde por um crime de homicídio qualificad­o.

O crime ocorreu depois de um jantar de família, quando a vítima pegou numa faca para cortar o pão, mas que serviu para que o arguido se sentisse intimidado. “Pegou numa faca e teve com ela apontada a mim uns 10 minutos”, disse Nuno Soares ao juiz de instrução criminal. Depois da refeição, e quando só se encontrava­m pai e filho na casa, o arguido veio ao exterior apanhar ar e foi ai que “sentiu” que “tinha de matar” o progenitor. Pegou numa faca de cozinha e golpeou a vítima. Como a lâmina dobrou, pegou em mais duas e acabou por esfaquear seis vezes o pai no tórax e pescoço.

A primeira pessoa a quem

PORMENORES

Facas estavam à vista Nuno Soares explica o crime com atitudes do pai que o deixavam intimidado e pelo facto de ter as facas em casa à vista de todos. “Ele estava a tentar deixar-me doente”, disse.

Vivia com pai e com irmão

O crime ocorreu na casa onde o arguido vivia com o pai e um irmão mais velho. Nuno tinha mais duas irmãs. Uma delas sofreu um AVC dias após o crime.

Considerad­o pacato

O arguido trabalhava numa empresa de ar condiciona­do. Era considerad­o pelos vizinhos como um homem pacato. ligou foi a uma irmã, a quem disse: “O pai está morto”. O mesmo afirmou às autoridade­s. Quando os militares da GNR chegaram ao local, depararam-se com a porta da casa fechada e com as luzes desligadas. No interior, Manuel Soares estava deitado numa poça de sangue. Ainda foi socorrido e levado com vida ao Hospital Padre Américo, em Penafiel, onde morreu pelas 22h56.

Para Nuno, o pai estava a tentar “testá-lo ao fazer tudo para o conseguir tirar do sério”. “Fazia aquela violência psicológic­a. Por exemplo, eu tenho sinusite e ele sentava-se ali junto ao fogão [lareira] e deixava a porta aberta para me arreliar”, explicou ao juiz de instrução criminal de Penafiel.n Nuno Soares, de 32 anos, está desde o dia 4 de março deste ano, altura em que foi ouvido no tribunal, na ala psiquiátri­ca do Estabeleci­mento Prisional de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos. Ao juiz de instrução criminal de Penafiel, o arguido disse que tinha uma consulta marcada no dia a seguir ao crime, com o médico de família, na tentativa de arranjar vaga para ser acompanhad­o na área de psiquiatri­a. Até esse dia nunca tinha sido sujeito a qualquer tratamento nessa área.n O arguido explicou em primeiro interrogat­ório judicial que não se andava a sentir bem há bastante tempo, mas que sentiu que piorou com a pandemia da Covid-19 e que chegou a ter medo de sair de casa por pensar que o iam matar. Disse ainda que no dia em que esfaqueou o pai pensou em ir a Fátima “rezar por todos nós”. “Eu ia deslocar-me a Fátima, mas depois vi que nunca mais ia chegar lá.”n

ABANDONOU CASA, FECHOU A PORTA À CHAVE E DEIXOU PAI A MORRER

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1 Nuno Soares foi presente a tribunal e está em internamen­to psiquiátri­co na cadeia 2 Manuel Soares tinha 64 anos e foi morto com seis facadas
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2 1 Nuno Soares foi presente a tribunal e está em internamen­to psiquiátri­co na cadeia 2 Manuel Soares tinha 64 anos e foi morto com seis facadas 1
 ?? ?? Judiciária e GNR acorreram ao crime
Judiciária e GNR acorreram ao crime
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Populares junto ao local do crime

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