Na cabeça de Textor
Na primeira década deste nosso século XXI o Benfica teve um americano. Mal se deu por isso, é verdade, mas o Benfica teve um americano que chegou à Luz rotulado de promessa maior do futebol mundial. Entre 2007 e 2011, Freddy Adu, era assim que se chamava, fez 14 jogos pelo Benfica e conseguiu marcar 2 golos manifestamente insuficientes para o guindar ao estrelato. Antes de Adu, o Benfica já tinha tido outro americano e também mal se deu por ele. Tratou-se do guarda-redes Zack Thornton, um gigante das balizas, que nunca teve oportunidade de mostrar o que valia. Aterrou na Luz em 2004 e logo voou para outras paragens sem deixar recordações ao público. Adu e Thornton contaram mais como excentricidades no futebol português do que como “ativos” que é como se chama nos tempos que correm aos jogadores que, de facto, atuam e acrescentam valor a si próprios em função das suas atuações.
Tudo leva a crer que o Benfica vai ter muito brevemente outro americano. O senhor John Textor esteve na quarta-feira no Estádio da Luz a assistir ao jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões entre o Benfica e o Bayern que terminou com um resultado expressivo, valha-nos o eufemismo, a favor dos alemães. Ao contrário de Adu e de Thornton, Textor é um homem de negócios, fundador de uma empresa de efeitos especiais sediada em Hollywood e vencedor de um Óscar da Academia pelo seu contributo para aquele filme chamado “Titanic” que era sobre um paquete a ir ao fundo depois de bater num icebergue. Muito se deve ter lembrado Textor do filme que lhe deu o prémio cinematográfico mais considerado do mundo ao ver a equipa do Benfica soçobrar nos vinte minutos finais do jogo com o Bayern na competição de futebol
OS MILHÕES
DO INVESTIDOR NORTE-AMERICANO E A ORELHA ESQUERDA DE LEWANDOWSKI
mais considerada do mundo. Uma equipa fulminantemente partida ao meio como o tal barco que, depois do embate, desceu, desceu, desceu até ao fundo do mar.
A imprensa tem vindo a anunciar que John Textor está muito interessado em gastar muitos milhões de euros em ações da SAD do Benfica comprando-as a um cidadão nacional que toda a gente conhece pelo Rei dos Frangos. Ora do ponto de vista da sonoridade do mercado, soa melhor um Textor do que um Rei dos Frangos que é um sobriquet excessivamente típico e, por isso, sem dimensão para desfilar em qualquer passadeira vermelha. No entanto, muitas coisas devem ter passado pela cabeça de Textor se, de facto, viu o Benfica-Bayern na quarta-feira. Como grande investidor que é, o senhor Textor pensou mal viu Lewandowski em ação que aquilo é que eram uns quantos milhões bem aplicados, mas não demorou a esmorecer quando lhe explicaram que os seus milhões que tem para gastar no Benfica mal dão para comprar a orelha esquerda do extraordinário avançado polaco. Dá que pensar.n