Menor em instituição sem avaliação clínica
CASO r Tribunal decidiu que Maria seria separada dos pais por sofrer de “alienação parental” CONSEQUÊNCIAS r Criança emagreceu na instituição, perdeu cabelo e pediu para “ir para o céu”
Eduardo Sá, um dos mais conceituados psicólogos do País, fez um parecer, usado em tribunal, sem ouvir todas as partes envolvidas e sem nunca ter avaliado uma menor, que acabou por ir parar a uma instituição, por decisão do tribunal.
Em Fronteira, dificilmente conseguirão esquecer os gritos de Maria no dia em que, com apenas 7 anos, foi levada para a instituição sem sequer se despedir da mãe. “Sofremos todos muito, a menina gritava e chorava compulsivamente”, diz a avó de Maria.
Na sequência do divórcio dos pais, Maria recusava-se a ir com o progenitor. O tribunal acabou por decidir que não havia condições para que esta ficasse nem com o pai, nem com a mãe, e que a única solução seria a institucionalização da criança com vista à reconstrução da sua personalidade.
“É um trabalho que exige que a menor seja, excecionalmente, separada dos pais”, refere a decisão.
Áurea Ataíde, a pedopsiquiatra que acompanhou Maria durante mais de um ano, ficou em choque quando se apercebeu que a informação que tinha dado ao tribunal sobre a criança não teve qualquer peso. “Foi completamente preterida pelo parecer do psicólogo Eduardo Sá que, sem conhecer a menor, falava em alienação parental por parte da mãe, o que considero um total absurdo”, explicou ao Correio da Manhã.
Depois de institucionalizada, Maria começou a perder cabelo e emagreceu. “A menor sentia impotência, desistência e desejo de um fim. Nunca me irei esquecer do dia em que, quando lhe perguntei se estava triste, respondeu quer queria ir para o céu”, contou. Maria esteve cerca de um ano institucionalizada.n
MÉDICA QUE SEGUIU MARIA DURANTE UM ANO NEGA ALIENAÇÃO PARENTAL