Correio da Manhã Weekend

“É um inferno ter a família longe”

- AURELIANA GOMES TEXTO PEDRO ESCOTO IMAGEM ENVIADOS ESPECIAIS KIEV

Sergiy RyBachok viu a família partir para a Alemanha após os ataques à cidade onde sempre viveu e trabalhou Makarov. O dia da despedida não foi fácil, mas os ataques obrigaram a mulher e os dois filhos – um menino de 12 anos e uma menina de seis – a escaparem para um lugar seguro. Sozinho, tenta sobreviver e ganhar dinheiro para ajudar a família. “Foi um inferno, ter de mandar os meus filhos e a minha mulher para a Alemanha. Mas não tive alternativ­a. Eles tinham de estar em segurança”, disse ao CM.

Numa conversa que decorreu no pequeno supermerca­do que tem há dois anos e que foi dos poucos que escapou à destruição, Sergiy lembrou os primeiros dias da invasão. “Na primeira semana, as crianças dormiam na cave da casa, mas quando os ataques aéreos começaram tornou-se muito perigoso, com bombardeam­entos e estilhaços a voarem. Percebi que tinha de colocar a minha família em segurança. Estão na residência de uma boa família que os ajuda e até estão a aprender alemão. Não tenho perspetiva­s de quando possam voltar”, lamentou.

Sergiy abre a pequena mercearia – a única na cidade - todos os dias. “Tive sorte de não ver a minha loja destruída e isso permite-me continuar a

COMERCIANT­E ALISTOU-SE E AJUDA A DISTRIBUIR COMIDA

trabalhar”, explicou o homem que, mal a guerra rebentou, se alistou na defesa territoria­l para ajudar o país. “Alistei-me porque considero que tenho de ajudar o país. Um dos trabalhos que fazemos é distribuir comida e remédios pelos mais necessitad­os”, disse, lamentando a escassez dos produtos e os preços que também dispararam.n

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