Sétima Legião ainda têm temas por gravar
INÍCIO Sétima Legião nasceram há quarenta anos na zona de Alvalade da vontade de três amigos INÉDITOS Rodrigo Leão e Pedro Oliveira recordam projeto e dizem que ainda há material inédito
Já o boom do rock português tinha tido o seu início e o movimento da nova música portuguesa fervilhava, em 1982, quando três amigos do Bairro das Estacas, em Alvalade - Rodrigo Leão, Nuno Cruz e Pedro Oliveira -, começaram a ensaiar num terraço no cruzamento da Av. de Roma com a Av. dos EUA. “Os vizinhos indignavam-se com toda a razão por causa do barulho que se ouvia a quilómetros”, recorda o vocalista Pedro Oliveira. “Tocávamos ainda muito mal, mas também não estávamos muito preocupados com a técnica. A nossa grande preocupação era desenvolver ideias próprias, ainda que com as limitações que tínhamos”, acrescenta Rodrigo Leão.
Com um gravação feita em casa, concorreram no ano seguinte, em 1983, ao concurso Grande Noite do Rock, no Pavilhão do Sporting. Não ganharam (“recebemos apenas uma medalha”, lembra Rodrigo Leão), mas tornavam-se, primeiro numa banda de culto, e depois num sucesso de massas até ao final do projeto. Na verdade, nunca terminaram oficialmente, mas cada um acabaria por seguir outros caminhos na música, sendo o mais visível o projeto a solo de Rodrigo Leão.
Há dez anos juntaram-se para uma série de concertos dos 30 anos, mas a morte de Ricardo Camacho (um dos elementos), em 2018, inviabilizou agora qualquer reunião para assinalar as quatro décadas sobre a sua formação.
“A morte dele abalou-nos muito. Se fosse vivo provavelmente faríamos alguma coisa este ano ou no próximo”, diz Pedro Oliveira. Ainda assim, Ricardo Camacho não partiu sem antes deixar algum trabalho feito. “Ele deixou algumas coisas às quais gostávamos de dar seguimento. Não digo gravar um disco inteiro, mas pelo menos fazermos algumas canções. Ainda não há nada em concreto, mas quem sabe um dia ainda voltamos”, diz Rodrigo Leão.
Com o nome inspirado na Legião Romana que César enviou à Lusitana, os Sétima Legião são um dos mais singulares projetos da música portuguesa. Inspirados pela New Wave britânica (New Order, Joy Division ou Echo & the Bunnymen), introduziram na sua sonoridade instrumentos como gaita de foles, viola d’arco ou acordeão (chegaram a ser oito elementos), entre o rock, a pop, a música tradicional e os instrumentais. Para a história, a sua e a da música portuguesa, deixaram temas incontornáveis na memória coletiva como ‘Glória’, ‘Por Quem Não Esqueci’, ‘Sete Mares’, ‘Noutro Lugar’ ou ‘Por Tua Imensa Saudade’.
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