Correio da Manhã Weekend

Um príncipe da palavra

-

Morreu Fernando Sobral. Um dos pensadores mais profundos em menor número de caracteres. A constante busca de saber – Sobral era um insaciável devorador de livros – tornou os seus textos cada vez mais imprescind­íveis.

Sobral ia aos clássicos, ocidentais e orientais, encontrar as metáforas do futuro. Poucos conseguira­m a sua capacidade para, com leveza e ironia, decifrar o que aí vem. E vem sempre algo cíclico, desafiador.

Conheci Fernando Sobral no secundário, somos ambos barreirens­es. Transitámo­s para a Faculdade de Direito com um ano de diferença, Sobral, ligeiramen­te mais velho. Na turma de Sobral brilhavam António Costa, Eduardo Cabrita, José Apolinário, para ficar pelos mais distintos representa­ntes da ideologia onde Sobral se situava, sem nunca abraçar o plano ativista.

Devo a Fernando Sobral a minha carreira no jornalismo. E imensas horas de conversa solta, análise e conselhos. À viúva, Cristina Sobral, sua mulher de sempre, um grande abraço de sentimento­s. O pensamento nacional está ainda mais pobre. Post Scriptum – No escândalo de Setúbal, boas fontes socialista­s garantem-me que a decisão de devolver a palavra aos cidadãos do concelho terá sido avocada por António Costa. Caberá ao líder do PS definir como quer que o seu partido seja recordado neste contexto. Como colaboraci­onista em métodos totalitári­os ou como defensor dos valores da Liberdade? Não é uma entrevista a um jornal local que tapa o escaldante sol. Ou alguém esperava que exclamasse­m, sim somos alinhados com Putin?n

DEVO A FERNANDO SOBRAL A MINHA

CARREIRA NO JORNALISMO

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal