Lavagem verde no Dubai
Até 12 de Dezembro decorre no Dubai, a maior cidade dos Emirados Árabes Unidos, a COP28,
a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas de 2023. As duas últimas realizaram-se em Glasgow, no Reino Unido, e em Sharm El Sheikh, no Egipto. Estes encontros, ditos das partes, por envolverem os países que assinaram acordos internacionais sobre a questão – o último foi o Acordo de Paris de 2015 – e alguns observadores credenciados, destinam-se a velar pela boa execução do acordado – em Paris foi a não transposição do aumento de 2 da temperatura do planeta acima do nível pré-industrial, sendo 1,5 o desejável.
A Terra continua infelizmente a aquecer. A meta dos 1,5 parece cada vez mais distante e mesmo a dos 2 está em dúvida. A realização da COP28 num dos países com emissões de dióxido de carbono ‘per capita’ mais elevadas do mundo, mais de cinco vezes superior às de Portugal, tem sido bastante acalorada. Muito antes de a Conferência começar, acendeu os ânimos a nomeação do sultão Ahmed Al Jaber para seu presidente. Ele é o CEO da Companhia Nacional de Petróleo dos Emirados, que está a aumentar a extracção de combustíveis fósseis, e também ministro da Indústria e Tecnologia Avançada. Várias pessoas, incluindo membros do Parlamento Europeu e do Congresso dos Estados Unidos, acusaram o sultão de conflito de interesses. Para elas, a empresa e o Governo dos Emirados, responsáveis por grandes emissões de gases com efeito de estufa, não só no seu país como no mundo, só querem fazer uma “lavagem verde” (‘greenwashing’) da sua imagem. Documentos secretos revelados pouco antes da Conferência mostraram que havia planos para conversações com representantes de vários países à volta de negócios de combustíveis fósseis. Isto é, para o país anfitrião, a COP28 seria verde para fora, mas cinzenta ou negra por dentro.
“COP28: verde para fora, mas cinzenta ou negra por dentro”