Desvelar o perfil psicológico Entrevistas fofinhas também ajudam
Além de algumas entrevistas, de dezenas de debates e de dezenas de comentadores, ainda houve os momentos fofinhos dos líderes políticos nos programas de entretenimento não jornalísticos, como `Alta Definição', ou os da manhã na SIC e na TVI. Foi na entrevista não jornalística de `Alta Definição' e no programa apresentado por Cristina Ferreira e Cláudio Ramos que ocorreram os prantos incontroláveis de Pedro Nuno Santos. Pareceram o que o negócio de Hollywood chama filmes `tear jerking', para arrancar lágrimas aos espectadores. E Pedro Nuno Santos foi actor, o que bem recordam relatos hagiográficos na imprensa e nesses programas. A Catarina Martins também deu jeito ter sido actriz.
Mas o líder do PS não exibiu apenas a “face humana”, como se costuma dizer, mas também a sua instabilidade emocional, que já conhecíamos dos tempos do governo Costa e que também aflorou em vários debates. A instabilidade emocional é um perfil psicológico que se manifesta em especial por mudanças repetidas de humor, pela explosão de raiva sem motivo aparente e em reacções desproporcionadas de choro ou riso incontrolável em momentos inadequados. São algumas destas manifestações que dão ao líder do PS o carácter de menino mimado, semelhante ao da criança descontrolada com a chamada `síndrome de imperador', mas que comentadores elogiam como perfil de “líder carismático”. O mais inqualificável acto político de Pedro Nuno Santos — a sua traição a Costa, decidindo o aeroporto por despacho sem dar cavaco ao então primeiro-ministro, que levou à sua demissão — enquadrou-se neste perfil. Teve de se demitir. Deu para ver o menino mimado em `acção', como ele diz nos cartazes.
Por mais que ande de colete amarelo em obras nesta campanha, não é perfil de `fazedor', mas um perfil perigoso de um descontrolado político, que `faz' para provar que é o `imperador' no infantário em que vive a sua cabeça. Por isso, quando os PS e comentadores dizem que nalguns debates PN Santos “voltou a ser aquilo que ele é” referem-se afinal a alguém com instabilidade emocional, não de `fazedor' se chegar à chefia do governo.
Os programas não jornalísticos dos canais generalistas com líderes acentuam a personalização da política pelo lado fofinho, sem escrutínio jornalístico, mas permitindo ao espectador ter uma noção empírica do perfil psicológico de quem pretende mandar no País. E isso é bom, porque muitos dos políticos que no mundo querem mandar nos seus países têm perfis que dão aparências de líderes “carismáticos” mas facilmente desembocam depois em autocratas, egocêntricos, maquiavélicos e até a caminho da psicopatia. A televisão, mesmo a fofinha, ajuda os espectadores a avaliá-los.
A televisão, mesmo a fofinha, ajuda os espectadores a avaliarem os líderes políticos